sábado, 30 de março de 2019

Um filme e uma aula de História


Os moradores de uma cidade fictícia localizada na Serra Gaúcha, reúnem-se em assembleia para tentar a resolução de um grande problema da comunidade: o cheiro de esgoto. Decidem que é preciso construir uma fossa para o tratamento dos dejetos. Elegem uma comissão, que é responsável em fazer o pedido para da construção  junto à prefeitura da cidade.

A secretária do prefeito reconhece a necessidade da obra, se solidariza com os munícipes mas informa que não há dinheiro disponível para a realização da mesma. Entretanto, lembra que a  prefeitura dispõe de quase dez mil reais para a produção de um filme. Esta grana fora repassada pelo governo federal e, se não usada em breve, terá de ser devolvida aos cofres federais.

Em meio a esta situação, surge a ideia de se usar o dinheiro para a realização da obra e gravar um filme sobre a própria obra. Porém, sacar o dinheiro só é possível após a apresentação de um roteiro e de um projeto do filme, além de que, este filme precisa ser de ficção. Desta forma os moradores se reúnem para elaborar um filme barato - tendo eles mesmos como atores, diretores, produtores -  que conte a história de um monstro que vive nas obras de construção de uma fossa.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Saneamento_B%C3%A1sico,_o_Filme.jpg

Esta é a sinopse do filme Saneamento básico, de Jorge Furtado, lançado em 2007.  Já vi várias vezes e, sempre que posso, revejo e isso rende boas gargalhadas.

Se não me engano, no ano de 2013 utilizei a obra em uma atividade no 8º do Colégio Estadual Ana Boico Olinquevicz, no bairro São João, em General Carneiro. Trabalhávamos sobre o Iluminismo e a máxima de que "todos nascem iguais perante a Lei". Propus a eles que víssemos o filme e assim fizemos. Depois, saímos e demos uma volta no bairro todo com o objetivo de observar e anotar todas as coisas que eles achassem que não estavam legais na comunidade.

Voltamos para a sala de aula e enumeramos os problemas. Foram trinta e sete tópicos percebidos pela turma.

Mas, que fazer com aquilo?

Depois de algumas discussões, alguém cogitou escrevermos uma carta com as "queixas" para as autoridades. Antes de acabar a aula, decidimos que cada aluno escolheria um dos problemas levantados e escreveria uma carta ao prefeito da cidade, Joel Ferreira Martins, justificando o reclame e pedindo, dentro das possibilidades uma solução para o caso.
Reunimos as cartas e agendamos uma audiência com o prefeito que recebeu a turma com muita cordialidade.

Alguns alunos julgaram que o prefeito nem iria ler os documentos, no entanto, na semana seguinte ele foi até a escola para agradecer e parabenizar os alunos pela iniciativa.

Não trabalho mais na comunidade e não sei se houve a resolução de todos ou de alguns daqueles problemas. No entanto, um filme e uma aula de História sempre podem provocar alguma centelha.