sábado, 17 de junho de 2023

Conheça os trinta e três projetos inscritos para o Circuito Cepan de Games

Estudantes do Colégio Estadual Pedro Araújo Neto de General Carneiro inscreveram trinta e três projetos de jogos eletrônicos para o Circuito Cepan de Games que acontece de 19 a 22 de junho.
O Circuito tem por objetivo apresentar à comunidade o resultado de conhecimentos adquiridos pelos estudantes do Ensino Fundamental nas aulas de Pensamento Computacional e Programa Edutech: games e programação.
Alguns jogos estão em fase inicial da criação e outros já concluídos ou com pequenas alterações a serem feitas.
O Circuito Cepan de Games servirá para que qualquer pessoa interessada possa conhecer os projetos desenvolvidos pelos estudantes. Para tanto, basta acessar os jogos a partir dos links disponíveis no final desta publicação.
Como incentivo à criação, haverá premiação simbólica até o décimo lugar para os autores dos projetos, além de certificado por participação. Parte da pontuação será contada a partir do número de visualizações, portanto, quanto mais acessado, maior chance de o projeto ser premiado.
Clique nos links abaixo jogue e envie o seu preferido para seus contatos conhecerem.
IMPORTANTE: PARA JOGAR É PRECISO ACESSAR OS JOGOS NO COMPUTADOR! 
Jogos concluídos ou em fase de conclusão:
Rodrigo Faro Empire, de Isabela Olivia Richard (Edutech);
https://scratch.mit.edu/projects/842248574
Re evolved e Um mundo melhor, de Brayan de Almeida Muller (8º ano A);
https://scratch.mit.edu/projects/666624766
Tortuga Vs Lixo, de Miguel Girotto Tomko (Edutech);
https://scratch.mit.edu/projects/849350942
Tubarão comedor, de Pedro Henrique Carneiro (Edutech);
https://scratch.mit.edu/projects/853281416
Top Car e Basketball Clicker, de Yuri Jakubiu da Luz (Edutech);
https://scratch.mit.edu/projects/857518007
https://scratch.mit.edu/projects/862233300
Cesta de lixo radical!, de Betina Louyse Gelaski (Edutech);
https://scratch.mit.edu/projects/842830818
Futebol, de Maria Luisa Arabar (Edutech);
https://scratch.mit.edu/projects/849361563
Jogo Pong de Videogame, de Enzo Lucca Carpovicz (Edutech);
https://scratch.mit.edu/projects/860091523
Remova os lixos do mar, de Everton Vinicius Nattel (Edutech);
https://scratch.mit.edu/projects/843215384
The Maze, de Nicole Schimanski (Edutech)
https://scratch.mit.edu/projects/845048440
Tiro ao alvo, de Gabriel Seroiska (9º ano A);
https://scratch.mit.edu/projects/855604916
Richas perdido, de Miguel Henrique Indalêncio (9º ano A);
https://scratch.mit.edu/projects/855600971
Joãozinho Game, de João Vitor Paglia Pagliosa (9º ano A);
https://scratch.mit.edu/projects/851790844
Super Mario Bros, de Davi Alves Cordeiro (9º ano C);
https://scratch.mit.edu/projects/852771906
Labirinto 23, de Vinicius Trevisane (9º ano A);
https://scratch.mit.edu/projects/801995620
Jogos em desenvolvimento:
Juliana, de Evelin Maria Lemos Antonelli (9º ano A);
https://scratch.mit.edu/projects/825056730
Carango e carrões, de Gabriel Guimarães Branco (9º ano A);
https://scratch.mit.edu/projects/801996693
O gato e o labirinto, de Rafaela Mello Schik (9º ano A);
https://scratch.mit.edu/projects/851805375
Miriam Racing, de Miriam Cristiny Dos Santos Oliveira (8º ano B);
https://scratch.mit.edu/projects/858880826
Tênis de mesa do Kauan, de Kauan Gabriel Rodrigues (8º ano B);
https://scratch.mit.edu/projects/855698611
Mago, de Yasmin Vitória Moreira Lançana (9º ano B);
https://scratch.mit.edu/projects/859932779
Jogo ainda sem nome, de Nicolly Gabrielle Zabandzala (9º ano B);
https://scratch.mit.edu/projects/838374124
The war of dragons, de Nataly Bianca da Silva Pereira (9º ano B);
https://scratch.mit.edu/projects/824387829
Corrida alienígena, de Patrick Abel Moroz (9º ano B);
https://scratch.mit.edu/projects/849215356
A princesa e o sapo, de Maria Vitória Batista (9º ano B);
https://scratch.mit.edu/projects/808639541
Jogo ainda sem nome, de Emerson Luan da Luz dos Santos (9º ano B);
https://scratch.mit.edu/projects/859926748
Space Fillers, de Amanda Schimanski (Edutech);
https://scratch.mit.edu/projects/856981039
Não joguem lixo no chão, de Emanuelly Gaiovicz Mattozo (Edutech);
https://scratch.mit.edu/projects/849545729
Um mundo melhor, de Brayan de Almeida Muller (8º ano A);
https://scratch.mit.edu/projects/846537311
Inteligência Artificial Scratch BOT, de Gustavo Christian Mazurechen (8º ano A);
https://scratch.mit.edu/projects/866250133
Colete as cabeças de animatronicos, de Marcos Vinicius Brazi Pedrozo (8º ano A);
https://scratch.mit.edu/projects/860508075
Fuja do alienígena, de Emanuelly dos Santos Gregorio (8º ano A);
https://scratch.mit.edu/projects/846105020



segunda-feira, 1 de maio de 2023

As origens do Dia do Trabalhador e da Trabalhadora

Equivocadamente creditado no calendário como Dia do Trabalho, o 1º de maio é sim o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora.

Pode parecer redundante, mas o trabalho não existiria sem a mão de obra humana.

Mais do que um dia de feriado, de comemoração, é um dia de memória, de historicamente lembrar as lutas protagonizadoras dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.

Foi em 1º de maio de 1886, nas ruas de Chicago, Estados Unidos, a manifestação que pedia a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias. O protesto foi violentamente reprimido deixando mortos e feridos e assim calando a voz dos trabalhadores.

Três anos depois, em Paris, capital francesa, aconteceu a Segunda Internacional Socialista, onde se decidiu convocar uma manifestação anual com o mesmo intuito dos trabalhadores de Chicago. O dia escolhido foi o 1º de maio em homenagem àqueles manifestantes. Mas somente em 1919 o senado francês aprovou a jornada de trabalho com 8 horas diárias e proclamou o 1º de maio como feriado.

No Brasil, apesar de comemorado desde 1895 pelos trabalhadores sob influência do anarquismo, o reconhecimento aconteceu trinta anos mais tarde no governo do presidente Artur Bernardes. Com Getúlio Vargas no poder esse dia adquiriu uma pompa de celebração toda especial instigada pelo Estado e sua política trabalhista. O Estado brasileiro passou a anunciar a criação de benefícios aos trabalhadores e trabalhadoras como Salário Mínimo, Justiça do Trabalho e CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) no dia 1º de maio.

Após esse período, o Dia do Trabalhador/Trabalhadora passou a ter um enfoque bastante festivo, relegando quase ao esquecimento a luta árdua, os protestos e manifestações das ligas sindicais e das trabalhadoras e trabalhadores anônimos que batalharam, alguns até com a perda da vida, para que hoje possamos usufruir dos direitos conquistados.

Diante desses fatos, dizer que o dia é do trabalho é no mínimo reducionista e mecanizador das ações humanas, fazendo parecer um presente do Estado para os trabalhadores e trabalhadoras, quando é ao contrário.

Texto escrito em 2015 por João Paulo Dalmas, professor de História na Rede Municipal de Porto União – SC. Só adaptei colocando trabalhador/trabalhadora. 

Operários, de Tarsila do Amaral retirado de https://afipeasindical.org.br/noticias/parabens-trabalhadors/

 

segunda-feira, 17 de abril de 2023

João Pessoa: o morto, o golpe de 1930 e o monumento em Porto União

Muitas vezes a gente lê o nome de uma praça ou de uma rua e fica se perguntando: "mas quem é esse sujeito?".  O cara que dá o nome à capital da Paraíba é o mesmo homenageado com um monumento aí pertinho do Clube Concórdia em Porto União.  Ele nunca esteve aqui e, certamente nem sabia da existência desse nosso vale do Iguaçu. No entanto, ganhou nome de praça, de avenida e até esse baita monumento no centro da cidade. Bora saber quem é esse sujeito!  

As eleições de 1930
Pelo esquema da política do café-com-leite que vigorou no final da República das Oligarquias (1894-1930), políticos de São Paulo (maior produtor de café) e Minas Gerais (maior produtor de leite) se revezavam na presidência da República.  

1930 era ano de eleições e o presidente que estava em fim de mandato, Washington Luís, paulista, deveria indicar o candidato que seria o novo presidente, e pelo combinado, teria de ser um mineiro. Só que Washington Luís indicou Julio Prestes, paulista. Mineiros ficaram indignados e como protesto, apoiaram o candidato da oposição, Getúlio Vargas, gaúcho que tinha como vice o paraibano João Pessoa. 

Julio Prestes venceu a eleição com 59,39 % dos votos e deveria assumir o cargo no final de 1930. Só que não assumiu! 

João Pessoa era advogado e político. Na época, ocupava o cargo de presidente de seu estado. Para enfrentar seus adversários, se utilizava de práticas não muito simpáticas como a que fez com o jornalista João Dantas. A mando de João Pessoa, policiais invadiram o escritório de Dantas e dali levaram cartas à época tidas como eróticas trocadas entre Dantas e a professora e poetisa Anaíde Beiriz. 

Tais cartas foram publicadas em jornais locais e trouxeram muitos danos à imagem dos envolvidos. 

No dia 26 de julho de 1930 João Dantas estava na cidade de Recife, Pernambuco. Neste dia também havia sido anunciada a visita à cidade do presidente da Paraíba, Sabendo que seu desafeto tomava café na Confeitaria A Glória, João Dantas pra lá se dirigiu, se aproximou de Pessoa e deu-lhe três tiros à queima roupa. 

O assassinato de João Pessoa  - que não tinha ligação alguma com a política nacional -  acabou sendo explorado pelo grupo de Getúlio Vargas, derrotado nas últimas eleições. Além das insinuações de que Washington Luis e Julio Prestes poderiam ter sido os mandantes do crime, ocorreu também grande exploração midiática do cerimonial fúnebre de João Pessoa. Seu corpo foi enviado ao Rio de Janeiro. No caminho a embarcação ia parando de porto em porto para "homenagens" e chamada à "revolução".  

Aproveitando-se da repercussão do crime, no Brasil todo foi se articulando um movimento golpista. Assim, em 24 de outubro de 1930, ministros militares depuseram Washington Luís que foi preso e depois exilado na Europa. Uma junta militar assumiu o poder que depois foi entregue ao gaúcho Getúlio Vargas. 

Esse golpe de Estado foi o início do processo chamado de Revolução de 1930. A partir daí, Getúlio ficou no poder até 1945. Ao mesmo tempo que trouxe mudanças positivas como os direitos trabalhistas, voto secreto, voto feminino e ensino primário público e obrigatório, Vargas foi também um governante demagogo e autoritário que cassou mandatos de políticos eleitos, censurou meios de comunicação e prendeu, torturou e matou opositores.   
 
João Pessoa mártir!
Após o assassinato de João Pessoa e o golpe de 1930, várias cidades colocaram o nome do morto em ruas e praças. Na Paraíba, a capital Cidade da Parahyba teve seu nome mudado para João Pessoa. 

Em Porto União e União da Vitória isso também aconteceu. Segundo Cleto da Silva, a Praça Moreira Garcez mudou para praça João Pessoa. Depois a avenida que vem do Bairro São Pedro até o Centro e que era antiga passagem de tropas teve também seu nome mudado. 

A prova de alinhamento de nossas cidades com a "Revolução de 1930" mais extravagante, no entanto foi o monumento ao "Precursor e martyr do novo Brasil" inaugurado em 5 de outubro de 1931 e reconstruído em 5 de outubro de 1971. De acordo com Lili Matzenbacher em seu livro Monumentos e marcos históricos de Porto União e União da Vitória, páginas 35 e 36:

O monumento é todo em cimento, sendo a alegoria de remate do mesmo material colorido, imitando bronze. O Anjo da Vitória possuía um metro e sessenta e cinco centímetros de altura e levava em uma das mãos uma coroa e, na outra, um facho de luz vermelha, símbolo da Revolução e servindo, também, como farol para as embarcações do rio Iguaçu. O capitel possui 90 centímetros de altura. A coluna, quatro metros de altura por sessenta centímetros de diâmetro na parte inferior. A base tinha 50 centímetros de altura; a escadaria 54 centímetros, o pedestal 2 metros e 80 centímetros. A altura total do monumento, que possui iluminação elétrica, é de 10 metros e 39 centímetros. (...).

Ao pé do Porto, ancoradouro movimentado por vapores e grandes lanchas, que faziam transporte de produtos para outros centros do Paraná, foi projetada uma praça, a que ocuparia todo o sítio de acesso à ancoragem. Consentiu a Municipalidade, que em seu lugar fosse edificada a sede do Clube Náutico. Ambas não foram concretizadas. Neste local foi edificado um monumento à memória no inesquecível candidato da "Aliança Liberal" à Vice-Presidência da República no quadriênio 1930/1934. 

Em 2016, com trabalho do artista plástico Roque Correia a prefeitura de Porto União fez a restauração do monumento, conforme as imagens no pé da página. 

Referências:
Monumentos e marcos históricos de Porto União e União da Vitória, de Lili Matzenbacher. 1ª edição. Porto União: Uniporto, 1985;

Apontamentos históricos de União da Vitória 1768-1933, de Cleto da Silva. Curitiba: Imprensa Oficial, 2006;

Morte de João Pessoa: 90 anos do crime que marcou a Paraíba e mudou a política no Brasil, de André Resende, disponível em https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2020/07/26/morte-de-joao-pessoa-90-anos-do-crime-que-marcou-a-paraiba-e-mudou-a-politica-no-brasil.ghtml acesso em 17/04/2023;

O monumento e o sorriso do professor, de Vitor Marcos Gregório. Disponível em http://www.jornalcaicara.com.br/colunas/o-monumento-e-o-sorriso-do-professor/ Acesso em 17/04/2023;

Propaganda eleições 1930 (Fonte: Blog do Enem)



Velório de João Pessoa (Fonte: G1 PB)



Inauguração do monumento em 1931. (Fonte: Rádio Colmeia) 



Monumento hoje (Fonte: Jornal Caiçara)


Monumento restaurado por Roque Correia. (Foto minha)

Monumento restaurado por Roque Correia. (Foto ruim mas é minha)


Monumento restaurado por Roque Correia. (Foto ruim mas é minha)


Foto minha

Plaqueta restaurada por Roque Correia. Foto minha

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

A Revolução Federalista em General Carneiro

O município de General Carneiro foi fundado no ano de 1961. No entanto, a partir de 1842 com o início da passagem de tropas de gado pelo caminho que viria a ser a Estrada de Palmas, foram se instalando os primeiros moradores nas terras antes ocupadas pelos indígenas Xokleng e Kaingang.

Corria o ano de 1894 e já havia várias moradias nas margens da Estrada de Palmas, bem como algumas fazendas criadoras de gado. É neste ano que o pânico se instalou na região com os acontecimentos da Revolução Federalista. 

Após dias de peleia na cidade da Lapa, o exército Maragato comandado por Gumercindo Saraiva batia em retirada para o Rio Grande do Sul. Por onde passava ia semeando o pavor típico de uma guerra.

Conforme Cleto da Silva, União da Vitória viu por três dias a passagem do contingente de guerrilheiros. Com moradores apavorados, o comércio paralisou totalmente, os agricultores fugiram para as serras distantes e faltou abastecimento de produtos básicos no povoado.

Nas terras onde hoje é General Carneiro não foi diferente. Joaquim Osório Ribas conta que a população da época passou por enormes sacrifícios pois fazendas foram saqueadas e tiveram de fornecer cavalos de montaria e gado para alimentação dos combatentes. Além disso, por apresentarem resistência ou serem identificados como inimigos, alguns camponeses, como Hildebrando Batista de Andrade, um dos filhos dos fundadores da Fazenda São Sebastião do Iratim, foram degolados. 

Milhares de soldados, tanto Maragatos como Pica-paus, passaram pela Estrada de Palmas. Os carroções que transportavam armas e munições chegaram até a balsa do rio Jangada, e dali em diante a coluna seguiu pela antiga picada de Palmas que não dava passagem às carroças. O material passou a ser transportado em cargueiros que era o meio de transporte adequado à estrada. 

No Horizonte ocorreu confronto entre Maragatos e Pica-paus. Após esse confronto, Gumercindo Saraiva desistiu de ocupar Palmas, rumou para Santa Catarina e depois para o Rio Grande do Sul, onde foi assassinado.

Para compreender melhor…

O que foi a Revolução Federalista?

Foi uma guerra civil que ocorreu no sul do Brasil entre os anos de 1893 e 1895. Iniciou no Rio Grande do Sul e depois se estendeu até o Paraná.

Maragatos X Pica-paus

Eram as duas forças da guerra. De um lado os Maragatos (ou Federalistas), adversários do presidente Floriano Peixoto, defendiam o parlamentarismo e maior autonomia para os governos estaduais. O principal líder maragato era o general Gumercindo Saraiva. Do outro estavam os Pica-paus ou Ximangos, apoiadores do presidente Floriano e de seus métodos de governo. 

Avanço Maragato

Animados por algumas vitórias e também pela articulação com marinheiros que não concordavam com o Marechal Floriano Peixoto, os Maragatos passaram pelo território catarinense e no Paraná conquistaram Paranaguá, Tijucas do Sul, Lapa e Curitiba que havia sido abandonada pelo governador Vicente Machado que fugira para Castro com sua governança. O grupo comandado por Gumercindo Saraiva pretendia ir até o Rio de janeiro para depor o presidente da República. 

O Cerco da Lapa

Essa peleia na Lapa durou 26 dias. Ernesto Gomes Carneiro havia sido mandado pelo presidente Floriano para conter o avanço inimigo. Com apenas 639 homens, poucas armas e falta de alimentos, o coronel Carneiro e sua tropa resistiram aos ataques dos 3 mil combatentes maragatos.

Pelo menos 500 pessoas morreram no Cerco da Lapa, entre elas Carneiro. Apesar da derrota, a batalha na Lapa foi fundamental para que os soldados do governo se reorganizassem em São Paulo, desencorajando os Maragatos que mais tarde bateram em retirada para o Rio Grande do Sul.  

Ernesto Gomes Carneiro foi promovido a general após a sua morte.  

Maragatos em Curitiba

A chegada dos Maragatos à capital paranaense fez com que o governador Vicente Machado fugisse para Castro. Sem estrutura para enfrentar os invasores, alguns empresários curitibanos liderados pelo industrial ervateiro Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul, fizeram uma espécie de acordo com o general Gumercindo Saraiva. Seria paga certa quantia como empréstimo de guerra e os Maragatos poupariam a cidade de saques e outros tipos de violência. 

Apesar deste acordo entre as partes resultar em menos estragos aos curitibanos, quando Gumercindo Saraiva e seus homens se retiraram de Curitiba, os Pica-paus prenderam o Barão do Serro Azul acusando-o de traidor. Após alguns dias preso, ele foi posto num trem a caminho do porto de Paranaguá. Dali seria mandado até o Rio de Janeiro, onde responderia inquérito. No entanto, no km 65 da Estrada de Ferro Curitiba - Paranaguá o Barão foi fuzilado. 

Revolta da Degola

Em agosto de 1894, já no Rio Grande do Sul, Gumercindo Saraiva foi alvejado por um atirador escondido na mata. Após sua morte, a Revolução Federalista perdeu força. O acordo de paz entre rebeldes e governo foi assinado perto de Pelotas em agosto de 1895.

Dois dias após ser enterrado, Gumercindo Saraiva teve sua sepultura violada por soldados inimigos que o decapitaram, colocaram a cabeça do militar numa caixa de sapatos e a levaram até Porto Alegre para ser entregue ao governador Júlio de Castilhos.

A Revolução Federalista terminou em 1895 e deixou pelo menos dez mil mortos, tanto Maragatos como Pica-paus. A maioria, vítima de degola. 

Esse horrendo recurso era utilizado desde o início da guerra, primeiro pelos federalistas e depois também pelos pica-paus. Era uma forma de economizar munição e causar mais pavor ao inimigo. Por isso esse conflito é também chamado de Revolta da Degola.

Com as mãos às costas, o prisioneiro era forçado a ajoelhar, tendo o pescoço cortado de orelha a orelha. Muitas vezes isso era feito em meio a zombarias e humilhações.

Com bem mais bandidos que mocinhos dos dois lados, a Revolução Federalista deu mostras da barbárie que reinava no sul do Brasil no início da República. 


Revolução Federalista cantada

Colorada Ouça no Spotify

Composição: Apparicio Silva Rillo e Mário Barbará, LP 20ª Califórnia da Canção Nativa (1990)

(Olha a faca de bom corte, olha o medo na garganta

O talho certo e a morte no sangue que se levanta

Onde havia um lenço branco brota um rubro de sol por

Se o lenço era colorado o novo é da mesma cor)

 

Quem mata chamam bandido quem morre chamam herói

O fio que dói em quem morre

Na mão que abate não dói

Na mão que abate não dói


Era no tempo das revoluções

Das guerras braba, de irmão contra irmão

Dos lenço branco contra os lenço colorado

Dos mercenário contratado a patacão


Era no tempo que os morto votavam

E governavam os vivos até nas eleição

Era no tempo dos combate a ferro branco

Que fuzil tinha muy pouco e era escassa a munição


Era no tempo do inimigo não se poupa

Prisioneiro era defunto e se não fosse era exceção

Botavam nele a gravata colorada

Que era o nome da degola nestes tempos de leão


Don Gomercindo Saraiva Ouça no Spotify

Composição: José João Sampaio Da Silva e Noel Guarany, CD Iluminado e eclético 27 anos de arte (2007)

Gaucho-centauro de pua

Medalha de pátria guaxa

Na legenda da bombacha

Há reflexos de lua

Velha encarnação xirua

Cintilando ao sol dos anos

Bronze agreste dos pampeanos

Redemunhando só confins

Entre o sopro dos clarins

De los pueblos soberanos.


Alma-hombre-continente

Viejo caudilho paysano

Mescla de pampa e minuano

Brasões de raça imponente

Tal qual crioula vertente

De alçadas concepções

Donde vieram aos borbotões

Velhos tigres de fronteiras

Ajoelhando a alma inteira

No altar das tradições.


Dom Saraiva el gaucho errante

Del panuelo colorao

Que tranqueando en su tostao

Levaste el pátria adelante

Com la imagem cintilante

De caudillo americano

Que el viejo pago orejano

Saludo en la montonera

La liberdaded y la bandera

Del gaucho y nuestros hermanos.


E se foi pra eternidade

Num flete bueno e pachola

Laço velho a bate-cola

De rédea solta a vontade

É um pendão de liberdade

Mais puro do que vertente

Entrou na história de frente

De chapéu meio tapeado

E um por de sol colorado

Sangrando a alma da gente.


Mas ficaram ressonâncias

Luzindo sobre a planura

Fundamentando cultura

Enchendo vazios... Distâncias

E no templo da estâncias

Entre umbus e cinamomos

Preces nativas dispomos

Na catedral do galpão

No clarim d'um redomão

Proutros rincões nos transpomos.


Essa legenda guerreira

Baguala e continental

Saiu da banda oriental

Sem convenções de fronteira

E foi cruzando altaneira

Com pátria dentro de si

Por Bagé e Itaqui

Arrematando na Lapa

Para luzir esta luz guapa

No capão do caruvi.

 

Revolução Federalista no cinema

O Sobrado (1956), de Walter George Durst e Cassiano Gabus Mendes; Assista

O Preço da Paz ( 2003), de Paulo Morelli; Assista

A cabeça de Gumercindo Saraiva (2018), de Tabajara Ruas; Assista

Sugestões de leitura:

A cabeça de Gumercindo Saraiva, de Tabajara Ruas e Elmar Bones. Editora Record;

Apontamentos históricos de União da Vitória 1768 – 1933, de Cleto da Silva. Curitiba, Imprensa Oficial, 2006;

Apontamentos históricos de Palmas e Clevelândia (1630-1930), de Cleto da Silva. In: Boletim Histórico, Geográfico e Etnográfico Paranaense. Curitiba: Ihgepr, 1976;  

E a revolução esbarrou no Paraná disponível em ttp://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/e-a-revolucao-esbarrou-no-parana-cfsv1lbyo940lvlngw7uwbh3i acesso em 10/08/2017

História do município de General Carneiro, de Joaquim Osório Ribas. General Carneiro, Kayngangue, 2008;

Maria Bueno: Santa de casa, de Sandra Jaqueline Stoll, Conceição dos Santos, Geslline Giovana Braga e Vanessa Durando. Curitiba, 2011;

Revolução Federalista, de Luiz César Kreps da Silva. In: Paraná: espaço e memória. Diversos olhares histórico-geográficos. Curitiba: Bagozzi, 2205;


Grupo Maragato com Gumercindo Saraiva (o barbudo sentado ao centro) https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Federalista#/media/Ficheiro:Gumercindo_tropa.jpg    

Praça General Carneiro (Lapa - PR) https://www.lapaturismo.com.br/copia-hotel-vovo-nana-1

Marco no Km 65 da Estrada de Ferro Curitiba - Paranaguá, local do assassinato do Barão do Serro Azul. https://amantesdaferrovia.com.br/blog/a-ultima-viagem-do-barao-do-serro-azul

Panteon dos Herois (Lapa - PR), abriga os restos mortais do General Carneiro e de outros combatentes do Cerco da Lapa. https://www.lapaturismo.com.br/copia-museu-historico
   
Degola de um inimigo durante a Revolução federalista. https://www12.senado.leg.br/noticias/videos/2015/07/guerra-da-degola-resistencia-no-sul-a-proclamacao-da-republica-e-tema-do-arquivo-s