Equivocadamente creditado no calendário como Dia do Trabalho, o 1º de maio é sim o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora.
Pode parecer redundante, mas o trabalho não existiria sem a mão de obra humana.
Mais do que um dia de feriado, de comemoração, é um dia de memória, de historicamente lembrar as lutas protagonizadoras dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.
Foi em 1º de maio de 1886, nas ruas de Chicago, Estados Unidos, a manifestação que pedia a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias. O protesto foi violentamente reprimido deixando mortos e feridos e assim calando a voz dos trabalhadores.
Três anos depois, em Paris, capital francesa, aconteceu a Segunda Internacional Socialista, onde se decidiu convocar uma manifestação anual com o mesmo intuito dos trabalhadores de Chicago. O dia escolhido foi o 1º de maio em homenagem àqueles manifestantes. Mas somente em 1919 o senado francês aprovou a jornada de trabalho com 8 horas diárias e proclamou o 1º de maio como feriado.
No Brasil, apesar de comemorado desde 1895 pelos trabalhadores sob influência do anarquismo, o reconhecimento aconteceu trinta anos mais tarde no governo do presidente Artur Bernardes. Com Getúlio Vargas no poder esse dia adquiriu uma pompa de celebração toda especial instigada pelo Estado e sua política trabalhista. O Estado brasileiro passou a anunciar a criação de benefícios aos trabalhadores e trabalhadoras como Salário Mínimo, Justiça do Trabalho e CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) no dia 1º de maio.
Após esse período, o Dia do Trabalhador/Trabalhadora passou a ter um enfoque bastante festivo, relegando quase ao esquecimento a luta árdua, os protestos e manifestações das ligas sindicais e das trabalhadoras e trabalhadores anônimos que batalharam, alguns até com a perda da vida, para que hoje possamos usufruir dos direitos conquistados.
Diante desses fatos, dizer que o dia é do trabalho é no mínimo reducionista e mecanizador das ações humanas, fazendo parecer um presente do Estado para os trabalhadores e trabalhadoras, quando é ao contrário.
Texto escrito em 2015 por João Paulo Dalmas, professor de História na Rede Municipal de Porto União – SC. Só adaptei colocando trabalhador/trabalhadora.
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Operários, de Tarsila do Amaral retirado de https://afipeasindical.org.br/noticias/parabens-trabalhadors/ |
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