terça-feira, 2 de abril de 2019

Indicação de leitura para o ano de 2019

Lembro de meu tempo de Ensino Fundamental lá na Escola Estadual Inocêncio de Oliveira, em União da Vitória, eu realmente lia pra cacete. Da sexta até a oitava série quem me deu aula de Português foi a Silvia Caesar da Costa que trazia-me um monte de coisas pra ler. 

Depois, no Ensino Médio no Colégio São Cristóvão, durante a primeira série, passava os intervalos na biblioteca e sempre emprestava livros para levar pra casa. A partir da segunda série fiquei preguiçoso, abandonei a leitura e só voltei aos livros no ano 2000, quando decidi fazer o vestibular para História na Fafi. Li muito durante a graduação. Literatura. Dos obrigatórios para o curso, talvez uns trinta por cento. 

Quando comecei dar aulas em 2007, queria ler tudo o que tinha de atrasado pois morria de medo de os alunos sacarem que eu não sabia das coisas. Não tinha tempo. Dava saudades do tempo em que lia tudo que me viesse às mãos e lamentava não ter tornado mais "úteis" as minhas leituras.

No ano passado indiquei uns livros aí para as turmas de nono ano. Fiquei muito faceiro quando uma aluna mostrou Quarto de despejo, que havia emprestado na biblioteca. Outro se animou e sacou da mochila Revolução do bichos. Neste ano, falei que deixaria sugestões de obras e na primeira ida a biblioteca uma aluna queria saber qual poderia pegar para ler.

Como sou livreiro, sei que tem muita gente que lê, principalmente os adolescentes.  

Vou deixar a lista aqui. Quem quiser, que procure na biblioteca do colégio. Acho que tem todos lá! 

1 Considerações sobre o nome Passo da Galinha, Várias(os) Autoras(es);

Os primeiros da lista, lógico, tinham de ser os que nós escrevemos!




"Considerações sobre o nome Passo da Galinha" registra catorze versões diferentes sobre a origem do antigo nome da localidade onde hoje é o centro da de General Carneiro. Os textos foram produzidos por estudantes da 2ª série A (2018) do Ensino Médio do Cepan. Certamente, há várias outras versões. Quem souber, que as escreva!

2 História das Comunidades de General Carneiro, Várias(os) Autoras(es);


Aqui, os estudantes contam um pouco sobre as origens dos bairros e colônias onde moram. A pesquisa e produção dos textos foram organizadas em grupos ou individualmente. Participaram os nonos anos A, B e C e também  a 1ª série D do Ensino Médio, que pesquisaram com os familiares e moradores mais antigos sobre as origens e características dos bairros e comunidades de General Carneiro.  

3 Memórias do Cepan, Várias(os) Autoras(es);


Aqui, trinta e seis estudantes do Ensino Médio contam suas expectativas sobre a última fase no Cepan e narram suas experiências na escola ao longo da trajetória estudantil.

4 História do Município de General Carneiro, Joaquim Osório Ribas;



Professor Joaquim escreveu essa obra que é referência obrigatória para os estudos da História Local. Coisa bacana a se destacar é que o texto é bem pop, acessível para qualquer leitor. A pesquisa vem desde os nossos primeiros donos da terra, Os índios Xokleng e Kaingang até os dias atuais.    

5 Casa Verde, Noel Nascimento;


Só fui conhecer está obra em 2003 e curti muito saber que havia literatura de qualidade tendo como pano de fundo a Guerra do Contestado. Já havia lido Jorge Amado, José de Alencar e Erico Veríssimo e até cogitava um dia escrever algo parecido com os romances históricos desses, só que sobre os caboclos do Contestado. Hoje sei que, além deste, tem outros. Noutra vez eu indico.

Vou transcrever aqui a sinopse da edição que saiu pela Editoria Juruá.



Casa Verde é o romance que revela o Contestado como a grande guerra camponesa do Brasil, ocorrida no início do século passado na região disputada pela Argentina e a antiga questão de fronteiras entre Paraná e Santa Catarina.
Monges recebidos e seguidos como santos pelos camponeses, em maioria pobres, pregavam e conduziam-nos à luta contra a opressão do coronelismo, das oligarquias e das companhias estrangeiras, luta pela terra e a implantação de uma monarquia que lhes garantisse os direitos. Essa Guerra tomou enormes proporções e nela se envolveram cerca de dois terços do Exército Nacional, tropas policiais do Paraná e Santa Catarina, forças de capangas a serviço das companhias estrangeiras e das oligarquias regionais.
No Contestado há semelhanças com as guerras camponesas ocorridas quatrocentos anos antes na Europa, como as descreve Engels em “As guerras Camponesas na Alemanha”.
Casa Verde esclarece que a essência da grande guerra camponesa no Contestado é a luta pela terra, e o chamado messianismo nada mais de que consequência da miséria no latifúndio.

6 Incidente em Antares, Erico Veríssimo;
Esse eu li nas férias de 2001. Havia caído sobre ele no vestibular. Quando criança lera Aventuras de Tibicuera do mesmo autor. Depois de Incidente em Antares, acabei lendo quase todo o restante da obra deste autor gaúcho. Os outros, porém, indico mais pra frente. 

Vou copiar a sinopse do site da Livraria Cultura porque sim!

Em dezembro de 1963, uma sexta-feira 13, a matriarca Quitéria Campolargo arregala os olhos em sua tumba, imaginando estar frente a frente com o Criador. Mas logo descobre que está do lado de fora do cemitério da cidade de Antares, junto com outros seis cadáveres, mortos-vivos como ela, todos insepultos. Uma greve geral na cidade, à qual até os coveiros aderiram, impede o enterro dos mortos. Que fazer? Os distintos defuntos, já em putrefação, resolvem reivindicar o direito de serem enterrados - do contrário, ameaçam assombrar a cidade. Seguem pelas ruas e casas, descobrindo vilanias e denunciando mazelas. O mau cheiro exalado por seus corpos espelha a podridão moral que ronda a cidade. Em Incidente em Antares, Erico Verissimo faz uma sátira política contundente e hilariante que, mesmo lançada em 1971, em plena ditadura militar, não teve receio de abordar temas como tortura, corrupção e mandonismo.    

7 A revolução do bichos, George Orwell;


Esse eu li depois de ouvir pela primeira vez o disco Animals, do Pink Floyd. O filme eu fui ver só muito mais tarde. Gosto muito do filme. Mas, o livro é muito melhor. Simples e ótimo!

Verdadeiro clássico moderno, concebido por um dos mais influentes escritores do século XX, A revolução dos bichos é uma fábula sobre o poder. Narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos.

8 Paulo Leminski: o bandido que sabia latim, Toninho Vaz;


Depois de Poema Sujo, do Ferreira Gullar, a biografia de Leminski foi o livro que mais li na vida. Acho que umas quatro vezes já. Bacana que, além, de sabermos de todos os bastidores da vida do poeta, da pra se ligar em um monte de coisas interessantes sobre a história recente do Paraná.

9 Diário de uma favelada, Carolina Maria de Jesus


Putz, cheguei na décima indicação e é a primeira mulher. Se bem que, a primeira consagrada, visto que nos três primeiros livros indicados lá no topo, a mulherada tá em peso.   

O diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus deu origem à este livro, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. A linguagem simples, mas contundente, comove o leitor pelo realismo e pelo olhar sensível na hora de contar o que viu, viveu e sentiu nos anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com três filhos.

10 A hora da estrela, Clarice Lispector


 Eu havia tentado ler outros livros de Clarice mas, tinha achado muito esquisito.Alguém tinha falado de Macabéia. Acho que era uma paquera minha. Fiquei com vergonha de não saber quem era e fui procurar o livro. Esse sim eu curti. Foi muito mais fácil ler. Depois vi também o filme, maravilhoso, por sinal. 

A história da nordestina Macabéa é contada passo a passo pelo escritor Rodrigo S.M., alter-ego de Clarice Lispector, de um modo que busca permitir aos leitores acompanhar o seu processo de criação. O autor faz o relato da vida triste e sem perspectiva da alagoana, pontuada com as informações do 'Você sabia?' da rádio Relógio, sinistro metrônomo a comandar o ritmo de seus últimos dias de vida. Para a cartomante Carlota, a quem Macabéa procura em busca de um sopro de esperança, esses dias derradeiros deveriam ser coroados com o casamento com um estrangeiro rico. Mas, ironicamente, Macabéa termina sob as rodas de um automóvel de luxo Mercedes-Benz.

Isso é só um quase nada de obras. Leiam esses e depois indico outros. 


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