quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Após estudarem sobre os levantes antifascistas na Era Vargas, estudantes de General Carneiro escrevem cartas para Anita Prestes




A chamada Era Vargas foi o período compreendido entre os anos de 1930 e 1945, quando o Brasil foi governado por Getúlio Vargas. Habilidoso articulador político e também ditador, Vargas enfrentou movimentos de resistência durante os quinze anos que ficou a frente da Presidência da República. Um desses movimentos foi o levante antifascista ocorrido em 1935.

Articulada por militares ligados ao Partido Comunista Brasileiro, o levante tentou a tomada do poder a partir dos quarteis em Natal, Recife e Rio de Janeiro durante novembro de 1935. O movimento contudo não decolou, sendo descoberto e sufocado pela repressão getulista, inclusive resultando em morte de vários revoltosos e, mais tarde, prisão do líder comunista Luís Carlos Prestes e de sua esposa Olga Benário, além de outras lideranças.

Contemplando a Lei 13006/2014, os estudantes assistiram ao filme Olga, de Jayme Monjardim. Baseado na biografia escrita pelo jornalista Fernando Morais, o longametragem conta a trajetória da militante comunista desde sua infância, passando pela juventude, luta contra o nazismo, exílio e formação revolucionária na União Soviética, vinda ao Brasil, prisão e deportação para a Alemanha de Hitler.



O episódio é tido por muitos como um dos maiores crimes de Getúlio Vargas pois, além de ser comunista e judia, Olga estava grávida.

Devido a forte repercussão internacional gerada a partir das denúncias de Leocádia, mãe de Prestes, Olga foi “autorizada” a ter a bebê na prisão e ficar com ela enquanto estivesse amamentando. Após isso, a bebê que recebeu o nome de Anita foi entregue a avó e a tia Ligia. Depois de permanecer trabalhando em campos de concentração na Alemanha, Olga foi morta em uma câmara de gás.

Os estudantes ficaram bastante impressionados com a história de Olga e animados ao saber que Anita Leocádia Prestes, a bebê do filme vive no Brasil até hoje, sendo professora da Universidade Federal Fluminense, historiadora e escritora.

Dos campos de concentração Olga trocou algumas cartas com Prestes, ainda preso no Brasil e também com a sogra e a cunhada, a época exiladas políticas que faziam campanha internacional denunciando a violência sofrida por Olga e seu marido.

Em diálogos sobre o filme na sala de aula, lembrei a experiência da professora Erin Gruwell retratada no filme “Escritores da Liberdade”, de Richard La Gravenese, onde os estudantes são instigados a escreverem cartas para Miep Gies, austríaca que salvou vários judeus do holocausto e ainda guardou o Diário de Anne Frank, que mais tarde seria entregue a Otto Frank, pai de Anne e sobrevivente do holocausto que o publicou. Assim, surgiu a ideia de os estudantes do Cepan escreverem também cartas para Anita Leocádia Prestes. Nessas cartas, eles se apresentaram e falaram das impressões em relação aos acontecimentos com os familiares da destinatária.

Após meu contato via e-mail com Anita, ela passou seu endereço e ficou interessada em conhecer as cartas escritas pelos estudantes.

Na sexta-feira, 04 de outubro, um grupo de estudantes foi até a agência dos Correios de General Carneiro para realizar a postagem do material que foi recebido por Anita no dia 11. Por e-mail, ela agradeceu o material e disse que responderá aos estudantes na medida do possível.




(Revisão textual de Paula Viviane Cordeiro e Iara Jasko)

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