Fiz no Canva esses infográficos sobre o Brasil Império. Tá faltando um monte de informações mas é o que deu pra por neste primeiro teste.
Vai que lhe sirva para algo!
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Em 15 de novembro de 1889, um golpe de Estado comandado por militares derrubou do poder o imperador D. Pedro II e instaurou o regime republicano no Brasil.
As quatro primeiras décadas do novo regime foram marcadas por governos autoritários, corruptos e violentos.
A maioria da população vivia na miséria. Quase 80% dos brasileiros eram camponeses que viviam em terras de grandes fazendeiros. Os trabalhadores urbanos recebiam baixos salários e não possuíam direitos trabalhistas.
Analfabetos e mulheres não tinham direito ao voto e os negros recém-saídos da escravidão não receberam nenhuma atenção por parte do Estado e continuaram marginalizados.
Esse cenário fez explodir várias revoltas pelo país tendo como resposta muito mais violência por parte da polícia e exército.
Algumas destas revoltas acabaram servindo como pano de fundo para a produção de filmes que podem auxiliar na compreensão da realidade do final do século XIX e início do XX no Brasil. Abaixo destacamos alguns deles.
Policarpo Quaresma: o herói do Brasil
Policarpo Quaresma é um patriota exagerado que tenta encontrar soluções para os problemas brasileiros utilizando recursos da cultura popular. Seu jeito sonhador, visionário e idealista é mal compreendido pelas pessoas que o tem como um maluco. Em dado momento de sua trajetória ele se vê envolvido na Revolta da Armada, movimento de militares da Armada (Marinha) contra o autoritarismo dos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, primeiros e segundo presidente do Brasil. O filme é baseado em Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.
Diretor: Paulo Thiago
Ano de lançamento: 1988
Duração: 120 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
O preço da paz
Baseado no livro homônimo de Túlio Vargas, O preço da paz foi gravado na Lapa e em Curitiba e trata da vida e morte do Barão do Serro Azul, industrial e político paranaense que articulou a preservação de Curitiba do ataque dos revolucionários Maragatos que buscavam ir ao Rio de Janeiro para depor o presidente Floriano Peixoto.
Esse episódio faz parte dos desdobramentos da Revolução Federalista, conflito iniciado no Rio Grande do Sul em 1893 entre dois grupos políticos rivais, os Maragatos, que não concordavam com o governo de Floriano Peixoto, e os Pica-paus ou Chimangos, apoiadores do presidente. Conhecida também como Revolta da Degola, este conflito durou até 1895 se estendendo por santa Catarina e Paraná, inclusive deixando vítimas entre moradores da atual General Carneiro.
O filme conta com Lima Duarte interpretando o líder Maragato Gumercindo Saraiva.
Diretor: Paulo Morelli
Ano de lançamento: 2005
Duração: 103 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
A cabeça de Gumercindo Saraiva
Após o Cerco da Lapa, os Maragatos recuaram em direção ao Rio Grande do Sul. No final de 1894 o líder deste grupo, General Gumercindo Saraiva foi assassinado. Dias após seu sepultamento, os inimigos violaram sua tumba, arrancaram a cabeça do morto e enviaram ao governador gaúcho. Francisco Saraiva, filho de Gumercindo e mais cinco cavaleiros saíram em uma exasperante caçada pelo território gaúcho para resgatar a cabeça do líder morto.
Diretor: Tabajara Ruas
Ano de lançamento: 2017
Duração: 94 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
Guerra de Canudos
Como está no título, o filme narra a história da guerra e a de um de seus protagonistas: o beato Antônio Conselheiro. A narrativa é centralizada em torno da família Lucena, principalmente na filha Luíza, que larga os parentes e vira prostituta quando seus familiares decidem seguir Conselheiro. Há no filme uma mistura de personagens reais e fictícios que complementam os estudos sobre o tema. Apesar de um pouco longo, este é um importante material audiovisual sobre o conflito ocorrido no sertão baiano nos anos de 1896 e 1897.
Diretor: Sérgio Rezende
Ano de lançamento: 1996
Duração: 160 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Sonhos tropicais
Aqui é destacado um pouco do trabalho do sanitarista Oswaldo Cruz que após estudos na Europa, volta ao Rio de Janeiro no começo do século XX e recebe do presidente da República a incumbência de combater as epidemias que aterrorizavam a vida carioca. A vacinação obrigatória contra varíola sem a devida conscientização da população fez explodir em 1904 um motim que ficou conhecido como Revolta da Vacina. É isso que o filme baseado no livro homônimo de Moacyr Scliar retrata. O elenco conta com grandes nomes da história de nosso cinema como José Lewgoy, Nelson Dantas e Cecil Thiré.
Diretor: André Sturm
Ano de lançamento: 2001
Duração: 110 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
A guerra dos Pelados
Gravado na região de Caçador – SC, o filme mostra um pouco do que era o dia a dia em um reduto dos seguidores dos monges do Contestado que perderam suas terras para a empresa imperialista que construiu a estrada de ferro São Paulo – Rio Grande e se organizaram para combater os inimigos (pistoleiros da empresa estrangeira e dos coronéis, soldados da polícia e do exército). O diretor Sylvio Back é um dos maiores pesquisadores sobre a Guerra do Contestado e dirigiu também o documentário Contestado: restos mortais.
Baseado no livro Geração do Deserto, de Guido Wilmar Sassi, Guerra dos pelados tem música de Sérgio Ricardo e no elenco grandes atores do cinema nacional como Átila Iório, Jofre Soares, Stênio Garcia e Otávio Augusto.
Diretor: Sylvio Back
Ano de lançamento: 1971
Duração: 92 minutos
Classificação indicativa: livre
Quase todos esses filmes estão disponíveis no Youtube.
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Paulo José e Giulia Gam. https://www.papodecinema.com.br/filmes/policarpo-quaresma-heroi-do-brasil/ |
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Policarpo_Quaresma,_Her%C3%B3i_do_Brasil |
Lima Duarte é Gumercindo Saraiva http://www.ufrgs.br/ufrgs/noticias/201co-preco-da-paz201d-abre-debate-sobre-a-republica-velha
Herson Capri,como Barão do Serro Azul e Giulia Gam como Baronesa do Serro Azul. https://www.interfilmes.com/filme_12457_O.Preco.da.Paz.html
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https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Pre%C3%A7o_da_Paz |
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Leonardo Machado e Murilo Rosa https://m.imdb.com/title/tt7644928/mediaviewer/rm1320502272 |
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https://www.adorocinema.com/filmes/filme-240982/ |
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_de_Canudos_%28filme%29 |
Zé Lucena (Paulo Betti), Penha (Marieta Severo) e Antonio Conselheiro (José Wilker) em Guerra de Canudos. http://clenio-umfilmepordia.blogspot.com/2015/03/guerra-de-canudos.html
Capa do livro de Moacyr Scliar https://www.estantevirtual.com.br/livros/moacyr-scliar/sonhos-tropicais/3885059989 https://pt.wikipedia.org/wiki/Sonhos_Tropicais
Bruno Giordano é Oswaldo Cruz e Cecil Thiré é o presidente Rodrigues Alves. https://agencia.fiocruz.br/ci%C3%AAncia-e-arte-parceria-que-vai-de-samba-a-artigo-cient%C3%ADfico
Jofre Soares como Pai Véio em A Guerra dos Pelados https://tvbrasil.ebc.com.br/cinenacional/episodio/a-guerra-dos-pelados
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Cena no início de A guerra dos pelados.https://mubi.com/pt/films/a-guerra-dos-pelados |
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https://www.rosacoletiva.com.br/guerra-dos-pelados-50-anos-assistir-ao-filme-guerra-dos-p |
Foi realizada no dia 01 de abril de 2022 uma pesquisa com os estudantes do período da tarde do Colégio Estadual Ana Boico Olinquevicz de General Carneiro para saber sobre a vacinação contra Covid-19.
A turma do Programa Mais Aprendizagem passou nas salas entregando questionários com perguntas sobre a vacina que foram respondidas pelos colegas. Após apuração e análise dos dados chegou-se a conclusão que mais de 90% dos estudantes que participaram da pesquisa tomaram pelo menos uma dose da vacina.
Além de saber o número de vacinados a pesquisa serviu também para exercitar a adição, subtração, multiplicação e divisão. Foram também criados gráficos e tabelas com os resultados.
A ideia agora é promover uma campanha sobre a importância da vacinação visto que o número de mortes e casos graves em decorrência da nova doença reduziram muito após a aplicação da vacina.
Texto produzido pelos estudantes Weslen Cordeiro do Amaral e Luís Gustavo Sampaio dos Santos do Programa Mais Aprendizagem com supervisão do professor Lúcio.
No dia 02 de junho de 2021 recebemos em uma de nossas aulas do Programa Mais Aprendizagem no Colégio Estadual Pedro Araújo Neto o professor Joaquim Osório Ribas, autor do livro História do município de General Carneiro, pesquisador do tropeirismo e de história regional. Na ocasião ele realizou um bate papo via Google Meet com dezenas de estudantes e algumas pessoas da comunidade escolar sobre o papel do tropeirismo na formação e desenvolvimento de nossa cidade. Ao final da aula ele ficou à disposição para responder por escrito perguntas que não puderam ser feitas ou respondidas em razão do pouco tempo disponível.
Cartaz de divulgação da aula com o entrevistado |
A estudante Bruna Alexandra Ânes trouxe várias indagações que gostaria que fossem apresentadas ao professor Joaquim. Assim, eu, ela e o estudante Guilherme Machado, organizamos essas indagações que viraram vinte e três perguntas que foram encaminhadas ao professor Joaquim e respondidas uma à uma via mensagens de WhatsApp. Apresentamos abaixo a entrevista.
Boa leitura! Fiquem à vontade para fazer observações, críticas ou tirarem dúvidas. Para isso usem o campo "comentários" abaixo da publicação.
Pergunta: O senhor não nasceu em General Carneiro, não é? Como então foi esse contato inicial com nossa cidade e o que despertou o interesse em escrever o livro História do município de General Carneiro?
Professor Joaquim Osório Ribas: Não nasci em General Carneiro, mas nasci ao lado de Iratim de Palmas, na Fazenda Serro do Inglês, confrontando com a Fazenda São Bento, onde se deu o começo da ocupação do atual Município de General Carneiro. Portanto, desde minha infância convivi com o povo do Iratim, participando da festa de São Sebastião. Além disso morei na cidade de General Carneiro, quando foi gerente do Banco do Brasil. Não foram só esses os vínculos com essa comunidade. Durante toda minha vida transitei pela antiga estratégica de Palmas e atualmente pela BR 153. O carinho e a generosidade do povo desse Município sempre marcaram meus sentimentos, onde tenho grandes amizades.
O antigo caminho das tropas foi assinalado por tantos acontecimentos que ficaram gravados em minha história e isso facilitou o registro de fatos que compõem a história do Município. Foi relevante a colaboração de um dos mais ilustres moradores do Município, o Dr. Josué Guimarães (Zuzu). Homem apaixonado por essa terra, onde foi o Prefeito instalador do Município desmembrado de Palmas. Pesquisei a historia e participei de seminários sobre o tropeirismo e descobri que General Carneiro é testemunha valiosa para esse estudo de nossa cultura. O território do Município, de Norte a Sul, é atravessado pelo antigo Caminho das Missões, por onde durante mais de um século, passaram as tropas vindas do Sul rumo aos Campos Gerais e à Feira de Sorocaba. No retorno os tropeiros levaram daqui para os confins da nação brasileira a cultura dos eslavos que se estabeleceram nesta terra. Nessa epopeia gloriosa de um ciclo que durou mais de um século, este Município, através dos tropeiros, levou para o Sul uma arquitetura de madeira em substituição às casas de taipa dos antigos paulistas e.gaúchos O uso da carrocinha puxada por cavalos em substituição ao moroso carro de bois. Uma culinária mais rica em nutrientes além dos costumes sociais e religiosos. Falamos desses aspectos culturais porque os campos do Sul eram ocupados por uma cultura latifundiária e escravocrata. General Carneiro abrigou a Colônia de imigrantes mais avançada no Sul do Paraná. Estes os fundamentos que nos levaram a escrever um modesto livro.
O livro da história da cidade foi publicado em 2008. Quanto tempo que o senhor levou pesquisando e como foi a elaboração e publicação do livro?
A pesquisa demorou poucos meses por que muita coisa eu conhecia de minha vivência na região. Recorri às pessoas mais idosas para confirmar fatos. A Prefeitura na gestão do Professor Vilmar (Simm, atual diretor do Cepan. *Parêntese meu) na Secretaria da Educação e do Prefeito Juarez Ferreira Martins financiou a edição da obra. O lançamento ocorreu numa memorável solenidade promovida pela Academia de Letras do Vale do Iguaçu com a presença das Academias de Letras de Palmas, Guarapuava, Sul Brasileira de Letras, do folclorista Vicente Teles, do Grupo Folclórico Ucraniano, do Presidente do Museu do Avião de Curitiba e grande número de pessoas de General Carneiro é região.
Capa do livro publicado pela editora Kaygangue no ano de 2008 |
Onde o senhor pesquisou sobre a história de General Carneiro e quais as fontes utilizadas na pesquisa?
A resposta está praticamente contida na da pergunta anterior. Acrescentaria que pesquisei em General Carneiro e União da Vitória.
Quando seus familiares vieram morar na região ainda era forte a presença indígena, não é? Como foi essa relação, esse contato com os povos indígenas que aqui viviam? Como os indígenas foram desaparecendo daqui?
Sim. Quando meus Bisavós e avós vieram morar em Palmas a região era ocupada por inúmeras tribos de índios. A convivência gerou muitos conflitos e enorme derramamento de sangue..A resistência dos nativos foi muito forte contra a presença dos brancos. No Município de General Carneiro ocorreu a tragédia da catequese descrita no livro, quando uma tribo inteira foi dizimada pelos fazendeiros. Algumas fazendas dispunham de pessoal armado e cães farejadores para caçar "Bugres". Os tropeiros sofreram constantes ataques ao longo do caminho das tropas. As fazendas eram verdadeiras Fortaleza para se defenderem dos ataques dos índios. Até mesmo os militares comandados pelo Cel. Belarmino na construção da estratégia sofreram sangrento ataque revidado violentamente . Portanto a relação entre brancos e índios não foi tranquila.
Vale ressaltar que na atualidade o termo "bugre" que era usado pelos fazendeiros não é mais adequado aos povos originários/ indígenas. Assim como outros termos utilizados em diferentes épocas (negros da terra, gentios ou silvícolas) também não são mais aceitos pelos nossos povos originários ou pelos estudiosos.
Na aula que nos deu sobre o Tropeirismo, o senhor relatou que alguns caminhos eram evitados pelos tropeiros em razão da presença indígena. O que esses índios faziam para quem por ali passasse?
O sertão da região era ocupado por diversas tribos de índios. Algumas ferozes por isso era necessário evitar o confronto.
Quais as tropas que passavam por General Carneiro? O senhor tem informações sobre qual foi a última tropa ou em que ano que passou a última tropa aqui por General Carneiro?
Por General Carneiro passavam tropas de mulas vindas das Missões do Rio Grande do Sul e da Argentina com destino à feira de Sorocaba. Tropas de gado de corte com destino aos Campos Gerais e Curitiba. Tropas de porcos com destino aos frigoríficos de Ponta Grossa e Jaguariaíva. Tropas de cargueiros que se abasteciam de sal e mercadorias para os Campos de Palmas. Além de tropa de perus, mais raras, que abasteciam o mercado de União da Vitória. A última tropa de mulas que atravessou o perímetro urbano de General Carneiro foi por volta de 1950. As tropas de gado de corte continuaram passando até 1960 para abastecer o mercado de União da Vitória.
Nas tropas de porcos que passavam por aqui como elas eram conduzidas? Como faziam para dormir? O que acontecia se ocorresse um estouro de tropas de porcos?
As tropas de porcos eram conduzidas por peões a pé e a cavalo, com cargueiros de milho para alimentação dos animais. Em lugar do madrinheiro das outras tropas seguia na frente um peão chamando e entretendo os porcos com pingados de milho.
O senhor tem notícia de algum estouro de tropa aqui em General Carneiro? Que providências eram tomadas em caso de a tropa sair do controle da equipe tropeira?
Um estouro de tropa de gado ocorreu na Fazenda Santa Rita. Violentíssimo quando cerca de 700 bois estouraram a cerca do curral durante a noite e num alvoroço terrível os animais se precipitaram numa serra ladeira abaixo, ocasionando a morte de mais de uma centena de bois.
Sendo General Carneiro rota de tropas, havia algum serviço especializado para atender os tropeiros ou as tropas?
Sim. No território do atual Município existiam cerca de quatro hotéis com porteiros para abrigar as tropas e os tropeiros. Existiam diversos estabelecimentos comerciais junto aos pousos de tropas. Além disso existiam dois cortumes de couro e profissionais especializados na produção de artigos de montaria e indumentária usada pelos tropeiros.
Quais eram as fazendas que davam pouso para os tropeiros e as tropas em General Carneiro?
Se formos citar Fazendas que ofereciam pouso seriam a Santa Rita, Horizonte, S. Sebastião do Iratim , Chico Pampa e as localidades de Passo da Ilha, Pouso Bonito, Passo da Galinha, Marco Cinco(Tatu) e Jangada.
O senhor sabe quando foi fundando o primeiro CTG (Centro de Tradições Gaúchas) em General Carneiro e quem foram os fundadores?
Não tenho conhecimento da fundação do primeiro GTG. Ressalto, porém que os CTGs constituem hoje o maior movimento cultural do mundo e perpetuam a história do tropeirismo.
Havia alguma coisa que era produzida em General Carneiro para atender diretamente as necessidades dos tropeiros? Qual a importância econômica das passagens de tropas por aqui?
A passagem e pouso das tropas deu origem à atual cidade de General Carneiro. A economia local girava em torno das tropas. Eram hotéis, potreiros de aluguel, ferrarias , celarias, casas de diversão, festas religiosas, estabelecimentos comerciais, etc.
O senhor que trabalhou no Banco do Brasil por um bom tempo deve ter uma noção sobre a economia da cidade em diferentes épocas. Qual foi a época de maior prosperidade econômica de nosso município?
A fase da extração da Madeira da floresta nativa e da erva mate teve movimentação financeira, porém com intensa concentração da propriedade. Socialmente essa riqueza foi negativa.
Quanto à atividade madeireira, quando se iniciou esse ramo econômico aqui? Qual foi a primeira serraria em General Carneiro? Qual foi a maior em produção e número de funcionários?
A derrubada da floresta nativa com a instalação de grandes madeireiras teve início na década de 1940. A maior delas deve ter sido as Serrarias Reunidas Irmãos Fernandes, na Fazenda São Bento. Antes instalou-se uma pequena serraria no Pouso Bonito de propriedade da família Donner.
Na sua opinião, há um potencial agrícola em General Carneiro? O que precisava ser feito em nosso município para desenvolver as atividades rurais e manter a população no campo?
A agricultura do Município está se desenvolvendo graças a desconcentração da propriedade. A elevação dos preços das comodities está atraindo investimentos na agropecuária. Quanto à fixação do homem no campo não sei se é desejável porque contraria o movimento da humanidade rumo à concentração urbana.
Como foi escolhida a sede do nosso município? Quem teve a ideia de instalar o centro “quase dentro” do rio Torino?
Pois é, havia duas sedes distritais Iratim e Jangada do Sul e o Município teve como sede o Passo da Galinha. Certamente foram disputas de natureza política. Os políticos do Passo da Galinha tiveram mais força.
É destacada por muitos o pioneirismo dos imigrantes ucranianos e poloneses na formação de General Carneiro. No entanto, sabemos que há aqui grande presença de descendentes de indígenas e negros. Como o senhor definiria a composição do povo carneirense?
A população nativa ocupou a região do Iratim, mais ao Sul do Município. Ali estavam as campinas com pastagens para criação de gado que foi a primeira atividade econômica. A Colônia Agrícola de General Carneiro em Jangada do Sul foi criada para assentar os imigrantes eslavos.
Em que ano foi aberta a BR-153 e qual a importância dela para General Carneiro?
A BR 153 foi aberta em 1974 sobre o traçado da antiga estratégica de Palmas que era o caminho das tropas. Foi decisiva para o progresso não só do Município de General Carneiro mas da região Sul do Paraná.
Sobre o avião que caiu em General Carneiro, o senhor pode explicar melhor para nós essa história? Quando foi feito o monumento no Marco Cinco?
O avião pilotado pelo Capitão Kirk caiu sobre a estratégica de Palmas durante a Guerra do Contestado. Esse avião fazia um voo de reconhecimento dos redutos de sertanejos revoltados contra a expulsão de suas terras. Provavelmente uma tempestade provocou o acidente. No ano de 1980 presidi o Primeiro Simpósio de História Regional e para assinalar o evento, com o apoio do Prefeito Antônio Costa, com projeto elaborado pelo Engenheiro Humberto Osório Ribas, construímos o monumento para abrigar a Cruz do Aviador. Esse acidente foi um dos primeiros no mundo com avião em operação militar.
Observação: o aviador em seu relatório iria orientar a infantaria no ataque contra os rebelados.
O senhor sabe explicar a origem do nome Jangada?
A denominação de Rio Jangada deve-se à expedição da qual participou o Padre Ponciano procurando os cobiçados Campos de Palmas. Depois de perderem um espingarda no Rio ao chegarem no Rio seguinte resolveram construir uma jangada para atravessá-lo. Daí os nomes de RIO ESPINGARDA e RIO JANGADA.
E o General Carneiro? Quem foi ele? Quem escolheu e por que foi escolhido este nome para nossa cidade?
O General Carneiro comandou a resistência da Lapa contra o cerco dos maragatos. Foi considerado herói nacional porque os pica-paus ganharam a Guerra Federalista de 1893. Mas nunca teve qualquer relacionamento com a nossa região. Foi um militar vindo de outro estado completamente desconhecido na região.
Quem foi Pedro Araújo Neto, homenageado com o nome de nosso colégio?
Pedro Neto, como era chamado, foi um cidadão intimamente ligado ao Município de General Carneiro. Foi um dos herdeiros da Fazenda São Bento. Foi político que conseguiu a construção de escolas, nomeação de professores e exerceu a função de inspetor escolar. Era muito amável e visitava escolas para avaliar a qualidade do ensino. Orientou os professores e fez arguição de centenas de estudantes nas escolas isoladas. Tive a oportunidade de encontrá-lo andando a cavalo pelos caminhos do sertão para visitar escolas. O diálogo com ele era enriquecedor. Era natural da Palmeira e veio para os Campos de Palmas para explorar a pecuária em Fazendas herdadas pela sua esposa dona Maria Neta, como era conhecida. Conseguiu a instalação da agência dos Correios no Horizonte, onde sua esposa era a responsável. Construiu um hotel no Horizonte para atender os passageiros da diligência que ligava Palmas a União da Vitória.
Qual a importância de conhecermos a história de nossa cidade?
Esta última pergunta considero a mais importante de todas. É decisivo o conhecimento da história do Município. O sentimento de pertencer à uma comunidade é o ponto de partida para o amor à pátria. O Município é a célula mater da nação. É aqui onde vivemos que desabrocha o conceito de cidadania.. Existe um provérbio que diz: só se ama aquilo que você conhece. A história nos identifica. Se não soubermos de onde viemos não saberemos para onde ir. A história do Município mostra nossas origens. É berço de nossos antepassados. A pátria começa no Município.
Professor Joaquim Osório Ribas e eu (02/06/2021) |
Sempre me incomodou muito o fato de eu não saber quase nada sobre a questão indígena no Brasil. Sei que fui um péssimo aluno na graduação em História mas, nos momentos em que consegui ser razoável, não lembro de termos estudado em profundidade esse assunto.
Quando comecei dar aula em 2007 a questão indígena aparecia muito timidamente no currículo.
Em 2008, 2009 e 2010 participei de um curso de formação em Relações de gênero, combate à homofobia e ao racismo organizado por nosso sindicato e, mais uma vez, não aparecia a discussão sobre indígenas. A partir do tal curso, realizamos um cine debate onde, uma vez por mês exibíamos um filme que fomentasse o debate sobre combate ao machismo, homofobia e racismo. Queria por algo sobre povos indígenas e, nada! Era um ignorante em filmes com tal conteúdo e também teríamos dificuldade em algum especialista para debater conosco após a exibição.
Com o aumento das opções de filmes no Youtube fui descobrindo títulos. O primeiro que vi foi o documentário Yndio do Brasil, de Sylvio Back e depois a animação Pajerama, de Leonardo Cadaval. A partir disso fui buscando estudar mais sobre os nossos povos originários a partir da necessidade da sala de aula. Tem muita coisa pra ver ainda. Mais agora, que descobri o Cine Kurumin – Festival Internacional de Cinema Indígena onde poderei conhecer produções dos próprios indígenas.
Com o objetivo de apenas dar sugestões de filmes à pessoas interessadas, segue abaixo uma lista. Organizei de acordo com o ano de produção do filme do mais antigo para o mais novo.
Os Xetá da Serra do Dourado, de José Loureiro Fernandes e Vladimir Kozák. Brasil, 1959. 46 minutos.
Com narração de Arnaldo Jabor, esse clássico do cinema paranaense retrata o dia a dia dos Xetá durante o processo de invasão de suas terras pelas frentes colonizadoras no noroeste do Paraná durante a década de 1950.
Yndio do Brasil, de Sylvio Back. Brasil, 1995. 66 minutos.
Este filme está na lista dos “100 melhores filmes brasileiros” organizada pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema e conta a trajetória de Carapirú, índio nômade que escapa de um ataque surpresa de fazendeiros e durante dez anos, anda sozinho pelas serras do Brasil central, até ser capturado em novembro de 1988, distante dois mil quilômetros de seu ponto de partida. Levado a Brasília pelo sertanista Sydney Possuelo, ele vira manchete nacional e centro de uma polêmica entre antropólogos e linguistas quanto a sua origem e identidade.
Índio Cidadão? Rodrigo Arajeju. Brasil, 2014. 52 minutos.
Índios no Poder, de Rodrigo Arajeju. Brasil, 2015. 21 minutos.