segunda-feira, 17 de abril de 2023

João Pessoa: o morto, o golpe de 1930 e o monumento em Porto União

Muitas vezes a gente lê o nome de uma praça ou de uma rua e fica se perguntando: "mas quem é esse sujeito?".  O cara que dá o nome à capital da Paraíba é o mesmo homenageado com um monumento aí pertinho do Clube Concórdia em Porto União.  Ele nunca esteve aqui e, certamente nem sabia da existência desse nosso vale do Iguaçu. No entanto, ganhou nome de praça, de avenida e até esse baita monumento no centro da cidade. Bora saber quem é esse sujeito!  

As eleições de 1930
Pelo esquema da política do café-com-leite que vigorou no final da República das Oligarquias (1894-1930), políticos de São Paulo (maior produtor de café) e Minas Gerais (maior produtor de leite) se revezavam na presidência da República.  

1930 era ano de eleições e o presidente que estava em fim de mandato, Washington Luís, paulista, deveria indicar o candidato que seria o novo presidente, e pelo combinado, teria de ser um mineiro. Só que Washington Luís indicou Julio Prestes, paulista. Mineiros ficaram indignados e como protesto, apoiaram o candidato da oposição, Getúlio Vargas, gaúcho que tinha como vice o paraibano João Pessoa. 

Julio Prestes venceu a eleição com 59,39 % dos votos e deveria assumir o cargo no final de 1930. Só que não assumiu! 

João Pessoa era advogado e político. Na época, ocupava o cargo de presidente de seu estado. Para enfrentar seus adversários, se utilizava de práticas não muito simpáticas como a que fez com o jornalista João Dantas. A mando de João Pessoa, policiais invadiram o escritório de Dantas e dali levaram cartas à época tidas como eróticas trocadas entre Dantas e a professora e poetisa Anaíde Beiriz. 

Tais cartas foram publicadas em jornais locais e trouxeram muitos danos à imagem dos envolvidos. 

No dia 26 de julho de 1930 João Dantas estava na cidade de Recife, Pernambuco. Neste dia também havia sido anunciada a visita à cidade do presidente da Paraíba, Sabendo que seu desafeto tomava café na Confeitaria A Glória, João Dantas pra lá se dirigiu, se aproximou de Pessoa e deu-lhe três tiros à queima roupa. 

O assassinato de João Pessoa  - que não tinha ligação alguma com a política nacional -  acabou sendo explorado pelo grupo de Getúlio Vargas, derrotado nas últimas eleições. Além das insinuações de que Washington Luis e Julio Prestes poderiam ter sido os mandantes do crime, ocorreu também grande exploração midiática do cerimonial fúnebre de João Pessoa. Seu corpo foi enviado ao Rio de Janeiro. No caminho a embarcação ia parando de porto em porto para "homenagens" e chamada à "revolução".  

Aproveitando-se da repercussão do crime, no Brasil todo foi se articulando um movimento golpista. Assim, em 24 de outubro de 1930, ministros militares depuseram Washington Luís que foi preso e depois exilado na Europa. Uma junta militar assumiu o poder que depois foi entregue ao gaúcho Getúlio Vargas. 

Esse golpe de Estado foi o início do processo chamado de Revolução de 1930. A partir daí, Getúlio ficou no poder até 1945. Ao mesmo tempo que trouxe mudanças positivas como os direitos trabalhistas, voto secreto, voto feminino e ensino primário público e obrigatório, Vargas foi também um governante demagogo e autoritário que cassou mandatos de políticos eleitos, censurou meios de comunicação e prendeu, torturou e matou opositores.   
 
João Pessoa mártir!
Após o assassinato de João Pessoa e o golpe de 1930, várias cidades colocaram o nome do morto em ruas e praças. Na Paraíba, a capital Cidade da Parahyba teve seu nome mudado para João Pessoa. 

Em Porto União e União da Vitória isso também aconteceu. Segundo Cleto da Silva, a Praça Moreira Garcez mudou para praça João Pessoa. Depois a avenida que vem do Bairro São Pedro até o Centro e que era antiga passagem de tropas teve também seu nome mudado. 

A prova de alinhamento de nossas cidades com a "Revolução de 1930" mais extravagante, no entanto foi o monumento ao "Precursor e martyr do novo Brasil" inaugurado em 5 de outubro de 1931 e reconstruído em 5 de outubro de 1971. De acordo com Lili Matzenbacher em seu livro Monumentos e marcos históricos de Porto União e União da Vitória, páginas 35 e 36:

O monumento é todo em cimento, sendo a alegoria de remate do mesmo material colorido, imitando bronze. O Anjo da Vitória possuía um metro e sessenta e cinco centímetros de altura e levava em uma das mãos uma coroa e, na outra, um facho de luz vermelha, símbolo da Revolução e servindo, também, como farol para as embarcações do rio Iguaçu. O capitel possui 90 centímetros de altura. A coluna, quatro metros de altura por sessenta centímetros de diâmetro na parte inferior. A base tinha 50 centímetros de altura; a escadaria 54 centímetros, o pedestal 2 metros e 80 centímetros. A altura total do monumento, que possui iluminação elétrica, é de 10 metros e 39 centímetros. (...).

Ao pé do Porto, ancoradouro movimentado por vapores e grandes lanchas, que faziam transporte de produtos para outros centros do Paraná, foi projetada uma praça, a que ocuparia todo o sítio de acesso à ancoragem. Consentiu a Municipalidade, que em seu lugar fosse edificada a sede do Clube Náutico. Ambas não foram concretizadas. Neste local foi edificado um monumento à memória no inesquecível candidato da "Aliança Liberal" à Vice-Presidência da República no quadriênio 1930/1934. 

Em 2016, com trabalho do artista plástico Roque Correia a prefeitura de Porto União fez a restauração do monumento, conforme as imagens no pé da página. 

Referências:
Monumentos e marcos históricos de Porto União e União da Vitória, de Lili Matzenbacher. 1ª edição. Porto União: Uniporto, 1985;

Apontamentos históricos de União da Vitória 1768-1933, de Cleto da Silva. Curitiba: Imprensa Oficial, 2006;

Morte de João Pessoa: 90 anos do crime que marcou a Paraíba e mudou a política no Brasil, de André Resende, disponível em https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2020/07/26/morte-de-joao-pessoa-90-anos-do-crime-que-marcou-a-paraiba-e-mudou-a-politica-no-brasil.ghtml acesso em 17/04/2023;

O monumento e o sorriso do professor, de Vitor Marcos Gregório. Disponível em http://www.jornalcaicara.com.br/colunas/o-monumento-e-o-sorriso-do-professor/ Acesso em 17/04/2023;

Propaganda eleições 1930 (Fonte: Blog do Enem)



Velório de João Pessoa (Fonte: G1 PB)



Inauguração do monumento em 1931. (Fonte: Rádio Colmeia) 



Monumento hoje (Fonte: Jornal Caiçara)


Monumento restaurado por Roque Correia. (Foto minha)

Monumento restaurado por Roque Correia. (Foto ruim mas é minha)


Monumento restaurado por Roque Correia. (Foto ruim mas é minha)


Foto minha

Plaqueta restaurada por Roque Correia. Foto minha

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

A Revolução Federalista em General Carneiro

O município de General Carneiro foi fundado no ano de 1961. No entanto, a partir de 1842 com o início da passagem de tropas de gado pelo caminho que viria a ser a Estrada de Palmas, foram se instalando os primeiros moradores nas terras antes ocupadas pelos indígenas Xokleng e Kaingang.

Corria o ano de 1894 e já havia várias moradias nas margens da Estrada de Palmas, bem como algumas fazendas criadoras de gado. É neste ano que o pânico se instalou na região com os acontecimentos da Revolução Federalista. 

Após dias de peleia na cidade da Lapa, o exército Maragato comandado por Gumercindo Saraiva batia em retirada para o Rio Grande do Sul. Por onde passava ia semeando o pavor típico de uma guerra.

Conforme Cleto da Silva, União da Vitória viu por três dias a passagem do contingente de guerrilheiros. Com moradores apavorados, o comércio paralisou totalmente, os agricultores fugiram para as serras distantes e faltou abastecimento de produtos básicos no povoado.

Nas terras onde hoje é General Carneiro não foi diferente. Joaquim Osório Ribas conta que a população da época passou por enormes sacrifícios pois fazendas foram saqueadas e tiveram de fornecer cavalos de montaria e gado para alimentação dos combatentes. Além disso, por apresentarem resistência ou serem identificados como inimigos, alguns camponeses, como Hildebrando Batista de Andrade, um dos filhos dos fundadores da Fazenda São Sebastião do Iratim, foram degolados. 

Milhares de soldados, tanto Maragatos como Pica-paus, passaram pela Estrada de Palmas. Os carroções que transportavam armas e munições chegaram até a balsa do rio Jangada, e dali em diante a coluna seguiu pela antiga picada de Palmas que não dava passagem às carroças. O material passou a ser transportado em cargueiros que era o meio de transporte adequado à estrada. 

No Horizonte ocorreu confronto entre Maragatos e Pica-paus. Após esse confronto, Gumercindo Saraiva desistiu de ocupar Palmas, rumou para Santa Catarina e depois para o Rio Grande do Sul, onde foi assassinado.

Para compreender melhor…

O que foi a Revolução Federalista?

Foi uma guerra civil que ocorreu no sul do Brasil entre os anos de 1893 e 1895. Iniciou no Rio Grande do Sul e depois se estendeu até o Paraná.

Maragatos X Pica-paus

Eram as duas forças da guerra. De um lado os Maragatos (ou Federalistas), adversários do presidente Floriano Peixoto, defendiam o parlamentarismo e maior autonomia para os governos estaduais. O principal líder maragato era o general Gumercindo Saraiva. Do outro estavam os Pica-paus ou Ximangos, apoiadores do presidente Floriano e de seus métodos de governo. 

Avanço Maragato

Animados por algumas vitórias e também pela articulação com marinheiros que não concordavam com o Marechal Floriano Peixoto, os Maragatos passaram pelo território catarinense e no Paraná conquistaram Paranaguá, Tijucas do Sul, Lapa e Curitiba que havia sido abandonada pelo governador Vicente Machado que fugira para Castro com sua governança. O grupo comandado por Gumercindo Saraiva pretendia ir até o Rio de janeiro para depor o presidente da República. 

O Cerco da Lapa

Essa peleia na Lapa durou 26 dias. Ernesto Gomes Carneiro havia sido mandado pelo presidente Floriano para conter o avanço inimigo. Com apenas 639 homens, poucas armas e falta de alimentos, o coronel Carneiro e sua tropa resistiram aos ataques dos 3 mil combatentes maragatos.

Pelo menos 500 pessoas morreram no Cerco da Lapa, entre elas Carneiro. Apesar da derrota, a batalha na Lapa foi fundamental para que os soldados do governo se reorganizassem em São Paulo, desencorajando os Maragatos que mais tarde bateram em retirada para o Rio Grande do Sul.  

Ernesto Gomes Carneiro foi promovido a general após a sua morte.  

Maragatos em Curitiba

A chegada dos Maragatos à capital paranaense fez com que o governador Vicente Machado fugisse para Castro. Sem estrutura para enfrentar os invasores, alguns empresários curitibanos liderados pelo industrial ervateiro Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul, fizeram uma espécie de acordo com o general Gumercindo Saraiva. Seria paga certa quantia como empréstimo de guerra e os Maragatos poupariam a cidade de saques e outros tipos de violência. 

Apesar deste acordo entre as partes resultar em menos estragos aos curitibanos, quando Gumercindo Saraiva e seus homens se retiraram de Curitiba, os Pica-paus prenderam o Barão do Serro Azul acusando-o de traidor. Após alguns dias preso, ele foi posto num trem a caminho do porto de Paranaguá. Dali seria mandado até o Rio de Janeiro, onde responderia inquérito. No entanto, no km 65 da Estrada de Ferro Curitiba - Paranaguá o Barão foi fuzilado. 

Revolta da Degola

Em agosto de 1894, já no Rio Grande do Sul, Gumercindo Saraiva foi alvejado por um atirador escondido na mata. Após sua morte, a Revolução Federalista perdeu força. O acordo de paz entre rebeldes e governo foi assinado perto de Pelotas em agosto de 1895.

Dois dias após ser enterrado, Gumercindo Saraiva teve sua sepultura violada por soldados inimigos que o decapitaram, colocaram a cabeça do militar numa caixa de sapatos e a levaram até Porto Alegre para ser entregue ao governador Júlio de Castilhos.

A Revolução Federalista terminou em 1895 e deixou pelo menos dez mil mortos, tanto Maragatos como Pica-paus. A maioria, vítima de degola. 

Esse horrendo recurso era utilizado desde o início da guerra, primeiro pelos federalistas e depois também pelos pica-paus. Era uma forma de economizar munição e causar mais pavor ao inimigo. Por isso esse conflito é também chamado de Revolta da Degola.

Com as mãos às costas, o prisioneiro era forçado a ajoelhar, tendo o pescoço cortado de orelha a orelha. Muitas vezes isso era feito em meio a zombarias e humilhações.

Com bem mais bandidos que mocinhos dos dois lados, a Revolução Federalista deu mostras da barbárie que reinava no sul do Brasil no início da República. 


Revolução Federalista cantada

Colorada Ouça no Spotify

Composição: Apparicio Silva Rillo e Mário Barbará, LP 20ª Califórnia da Canção Nativa (1990)

(Olha a faca de bom corte, olha o medo na garganta

O talho certo e a morte no sangue que se levanta

Onde havia um lenço branco brota um rubro de sol por

Se o lenço era colorado o novo é da mesma cor)

 

Quem mata chamam bandido quem morre chamam herói

O fio que dói em quem morre

Na mão que abate não dói

Na mão que abate não dói


Era no tempo das revoluções

Das guerras braba, de irmão contra irmão

Dos lenço branco contra os lenço colorado

Dos mercenário contratado a patacão


Era no tempo que os morto votavam

E governavam os vivos até nas eleição

Era no tempo dos combate a ferro branco

Que fuzil tinha muy pouco e era escassa a munição


Era no tempo do inimigo não se poupa

Prisioneiro era defunto e se não fosse era exceção

Botavam nele a gravata colorada

Que era o nome da degola nestes tempos de leão


Don Gomercindo Saraiva Ouça no Spotify

Composição: José João Sampaio Da Silva e Noel Guarany, CD Iluminado e eclético 27 anos de arte (2007)

Gaucho-centauro de pua

Medalha de pátria guaxa

Na legenda da bombacha

Há reflexos de lua

Velha encarnação xirua

Cintilando ao sol dos anos

Bronze agreste dos pampeanos

Redemunhando só confins

Entre o sopro dos clarins

De los pueblos soberanos.


Alma-hombre-continente

Viejo caudilho paysano

Mescla de pampa e minuano

Brasões de raça imponente

Tal qual crioula vertente

De alçadas concepções

Donde vieram aos borbotões

Velhos tigres de fronteiras

Ajoelhando a alma inteira

No altar das tradições.


Dom Saraiva el gaucho errante

Del panuelo colorao

Que tranqueando en su tostao

Levaste el pátria adelante

Com la imagem cintilante

De caudillo americano

Que el viejo pago orejano

Saludo en la montonera

La liberdaded y la bandera

Del gaucho y nuestros hermanos.


E se foi pra eternidade

Num flete bueno e pachola

Laço velho a bate-cola

De rédea solta a vontade

É um pendão de liberdade

Mais puro do que vertente

Entrou na história de frente

De chapéu meio tapeado

E um por de sol colorado

Sangrando a alma da gente.


Mas ficaram ressonâncias

Luzindo sobre a planura

Fundamentando cultura

Enchendo vazios... Distâncias

E no templo da estâncias

Entre umbus e cinamomos

Preces nativas dispomos

Na catedral do galpão

No clarim d'um redomão

Proutros rincões nos transpomos.


Essa legenda guerreira

Baguala e continental

Saiu da banda oriental

Sem convenções de fronteira

E foi cruzando altaneira

Com pátria dentro de si

Por Bagé e Itaqui

Arrematando na Lapa

Para luzir esta luz guapa

No capão do caruvi.

 

Revolução Federalista no cinema

O Sobrado (1956), de Walter George Durst e Cassiano Gabus Mendes; Assista

O Preço da Paz ( 2003), de Paulo Morelli; Assista

A cabeça de Gumercindo Saraiva (2018), de Tabajara Ruas; Assista

Sugestões de leitura:

A cabeça de Gumercindo Saraiva, de Tabajara Ruas e Elmar Bones. Editora Record;

Apontamentos históricos de União da Vitória 1768 – 1933, de Cleto da Silva. Curitiba, Imprensa Oficial, 2006;

Apontamentos históricos de Palmas e Clevelândia (1630-1930), de Cleto da Silva. In: Boletim Histórico, Geográfico e Etnográfico Paranaense. Curitiba: Ihgepr, 1976;  

E a revolução esbarrou no Paraná disponível em ttp://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/e-a-revolucao-esbarrou-no-parana-cfsv1lbyo940lvlngw7uwbh3i acesso em 10/08/2017

História do município de General Carneiro, de Joaquim Osório Ribas. General Carneiro, Kayngangue, 2008;

Maria Bueno: Santa de casa, de Sandra Jaqueline Stoll, Conceição dos Santos, Geslline Giovana Braga e Vanessa Durando. Curitiba, 2011;

Revolução Federalista, de Luiz César Kreps da Silva. In: Paraná: espaço e memória. Diversos olhares histórico-geográficos. Curitiba: Bagozzi, 2205;


Grupo Maragato com Gumercindo Saraiva (o barbudo sentado ao centro) https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Federalista#/media/Ficheiro:Gumercindo_tropa.jpg    

Praça General Carneiro (Lapa - PR) https://www.lapaturismo.com.br/copia-hotel-vovo-nana-1

Marco no Km 65 da Estrada de Ferro Curitiba - Paranaguá, local do assassinato do Barão do Serro Azul. https://amantesdaferrovia.com.br/blog/a-ultima-viagem-do-barao-do-serro-azul

Panteon dos Herois (Lapa - PR), abriga os restos mortais do General Carneiro e de outros combatentes do Cerco da Lapa. https://www.lapaturismo.com.br/copia-museu-historico
   
Degola de um inimigo durante a Revolução federalista. https://www12.senado.leg.br/noticias/videos/2015/07/guerra-da-degola-resistencia-no-sul-a-proclamacao-da-republica-e-tema-do-arquivo-s

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Infográficos Brasil Império

Fiz no Canva esses infográficos sobre o Brasil Império. Tá faltando um monte de informações mas é o que deu pra por neste primeiro teste.

Vai que lhe sirva para algo!









sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Seis filmes sobre as revoltas da Primeira República no Brasil

Em 15 de novembro de 1889, um golpe de Estado comandado por militares derrubou do poder o imperador D. Pedro II e instaurou o regime republicano no Brasil.

As quatro primeiras décadas do novo regime foram marcadas por governos autoritários, corruptos e violentos.

A maioria da população vivia na miséria. Quase 80% dos brasileiros eram camponeses que viviam em terras de grandes fazendeiros. Os trabalhadores urbanos recebiam baixos salários e não possuíam direitos trabalhistas.

Analfabetos e mulheres não tinham direito ao voto e os negros recém-saídos da escravidão não receberam nenhuma atenção por parte do Estado e continuaram marginalizados.

Esse cenário fez explodir várias revoltas pelo país tendo como resposta muito mais violência por parte da polícia e exército.

Algumas destas revoltas acabaram servindo como pano de fundo para a produção de filmes que podem auxiliar na compreensão da realidade do final do século XIX e início do XX no Brasil. Abaixo destacamos alguns deles.

Policarpo Quaresma: o herói do Brasil

Policarpo Quaresma é um patriota exagerado que tenta encontrar soluções para os problemas brasileiros utilizando recursos da cultura popular. Seu jeito sonhador, visionário e idealista é mal compreendido pelas pessoas que o tem como um maluco. Em dado momento de sua trajetória ele se vê envolvido na Revolta da Armada, movimento de militares da Armada (Marinha) contra o autoritarismo dos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, primeiros e segundo presidente do Brasil. O filme é baseado em Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.

Diretor: Paulo Thiago

Ano de lançamento: 1988

Duração: 120 minutos

Classificação indicativa: 12 anos

O preço da paz

Baseado no livro homônimo de Túlio Vargas, O preço da paz foi gravado na Lapa e em Curitiba e trata da vida e morte do Barão do Serro Azul, industrial e político paranaense que articulou a preservação de Curitiba do ataque dos revolucionários Maragatos que buscavam ir ao Rio de Janeiro para depor o presidente Floriano Peixoto.

Esse episódio faz parte dos desdobramentos da Revolução Federalista, conflito iniciado no Rio Grande do Sul em 1893 entre dois grupos políticos rivais, os Maragatos, que não concordavam com o governo de Floriano Peixoto, e os Pica-paus ou Chimangos, apoiadores do presidente. Conhecida também como Revolta da Degola, este conflito durou até 1895 se estendendo por santa Catarina e Paraná, inclusive deixando vítimas entre moradores da atual General Carneiro.

O filme conta com Lima Duarte interpretando o líder Maragato Gumercindo Saraiva. 

Diretor: Paulo Morelli

Ano de lançamento: 2005

Duração: 103 minutos

Classificação indicativa: 14 anos 

A cabeça de Gumercindo Saraiva

Após o Cerco da Lapa, os Maragatos recuaram em direção ao Rio Grande do Sul. No final de 1894 o líder deste grupo, General Gumercindo Saraiva foi assassinado. Dias após seu sepultamento, os inimigos violaram sua tumba, arrancaram a cabeça do morto e enviaram ao governador gaúcho. Francisco Saraiva, filho de Gumercindo e mais cinco cavaleiros saíram em uma exasperante caçada pelo território gaúcho para resgatar a cabeça do líder morto. 

Diretor: Tabajara Ruas

Ano de lançamento: 2017

Duração: 94 minutos

Classificação indicativa: 16 anos

Guerra de Canudos

Como está no título, o filme narra a história da guerra e a de um de seus protagonistas: o beato Antônio Conselheiro. A narrativa é centralizada em torno da família Lucena, principalmente na filha Luíza, que larga os parentes  e vira prostituta quando seus familiares decidem seguir Conselheiro. Há no filme uma mistura de personagens reais e fictícios que complementam os estudos sobre o tema. Apesar de um pouco longo, este é um importante material audiovisual sobre o conflito ocorrido no sertão baiano nos anos de 1896 e 1897. 

Diretor: Sérgio Rezende

Ano de lançamento: 1996

Duração: 160 minutos

Classificação indicativa: 14 anos

Sonhos tropicais

Aqui é destacado um pouco do trabalho do sanitarista Oswaldo Cruz que após estudos na Europa, volta ao Rio de Janeiro no começo do século XX e recebe do presidente da República a incumbência de combater as epidemias que aterrorizavam a vida carioca. A vacinação obrigatória contra varíola sem a devida conscientização da população fez explodir em 1904 um motim que ficou conhecido como Revolta da Vacina. É isso que o filme baseado no livro homônimo de Moacyr Scliar retrata. O elenco conta com grandes nomes da história de nosso cinema como José Lewgoy, Nelson Dantas e Cecil Thiré. 

Diretor: André Sturm

Ano de lançamento: 2001

Duração: 110 minutos

Classificação indicativa: 12 anos

A guerra dos Pelados

Gravado na região de Caçador – SC, o filme mostra um pouco do que era o dia a dia em um reduto dos seguidores dos monges do Contestado que perderam suas terras para a empresa imperialista que construiu a estrada de ferro São Paulo – Rio Grande e se organizaram para combater os inimigos (pistoleiros da empresa estrangeira e dos coronéis, soldados da polícia e do exército). O diretor Sylvio Back é um dos maiores pesquisadores sobre a Guerra do Contestado e dirigiu também o documentário Contestado: restos mortais.

Baseado no livro Geração do Deserto, de Guido Wilmar Sassi, Guerra dos pelados tem música de Sérgio Ricardo e no elenco grandes atores do cinema nacional como Átila Iório, Jofre Soares, Stênio Garcia e Otávio Augusto. 

Diretor: Sylvio Back

Ano de lançamento: 1971

Duração: 92 minutos

Classificação indicativa: livre

Quase todos esses filmes estão disponíveis no Youtube.

Paulo José e Giulia Gam. https://www.papodecinema.com.br/filmes/policarpo-quaresma-heroi-do-brasil/       

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Policarpo_Quaresma,_Her%C3%B3i_do_Brasil

 

Lima Duarte é Gumercindo Saraiva http://www.ufrgs.br/ufrgs/noticias/201co-preco-da-paz201d-abre-debate-sobre-a-republica-velha

Herson Capri,como Barão do Serro Azul e Giulia Gam como Baronesa do Serro Azul. https://www.interfilmes.com/filme_12457_O.Preco.da.Paz.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Pre%C3%A7o_da_Paz

Leonardo Machado e Murilo Rosa https://m.imdb.com/title/tt7644928/mediaviewer/rm1320502272 

https://www.adorocinema.com/filmes/filme-240982/     
https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_de_Canudos_%28filme%29

Zé Lucena (Paulo Betti), Penha (Marieta Severo) e Antonio Conselheiro (José Wilker) em Guerra de Canudos. http://clenio-umfilmepordia.blogspot.com/2015/03/guerra-de-canudos.html

Capa do livro de Moacyr Scliar https://www.estantevirtual.com.br/livros/moacyr-scliar/sonhos-tropicais/3885059989
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sonhos_Tropicais

Bruno Giordano é Oswaldo Cruz e Cecil Thiré é o presidente Rodrigues Alves. https://agencia.fiocruz.br/ci%C3%AAncia-e-arte-parceria-que-vai-de-samba-a-artigo-cient%C3%ADfico

  
Jofre Soares como Pai Véio em A Guerra dos Pelados https://tvbrasil.ebc.com.br/cinenacional/episodio/a-guerra-dos-pelados


Cena no início de A guerra dos pelados.https://mubi.com/pt/films/a-guerra-dos-pelados

https://www.rosacoletiva.com.br/guerra-dos-pelados-50-anos-assistir-ao-filme-guerra-dos-p