domingo, 30 de maio de 2021

Nove filmes sobre a questão indígena

Sempre me incomodou muito o fato de eu não saber quase nada sobre a questão indígena no Brasil. Sei que fui um péssimo aluno na graduação em História mas, nos momentos em que consegui ser razoável, não lembro de termos estudado em profundidade esse assunto. 

Quando comecei dar aula em 2007 a questão indígena aparecia muito timidamente no currículo.  

Em 2008, 2009 e 2010 participei de um curso de formação em Relações de gênero, combate à homofobia e ao racismo organizado por nosso sindicato e, mais uma vez, não aparecia a discussão sobre indígenas. A partir do tal curso, realizamos um cine debate onde, uma vez por mês exibíamos um filme que fomentasse o debate sobre combate ao machismo, homofobia e racismo. Queria por algo sobre povos indígenas e, nada! Era um ignorante em filmes com tal conteúdo e também teríamos dificuldade em algum especialista para debater conosco após a exibição. 

Com o aumento das opções de filmes no Youtube fui descobrindo títulos. O primeiro que vi foi o documentário  Yndio do Brasil, de Sylvio Back e depois a animação Pajerama, de Leonardo Cadaval. A partir disso fui buscando estudar mais sobre os nossos povos originários a partir da necessidade da sala de aula. Tem muita coisa pra ver ainda. Mais agora, que descobri o Cine Kurumin – Festival Internacional de Cinema Indígena onde poderei conhecer produções dos próprios indígenas. 

Com o objetivo de apenas dar sugestões de filmes à pessoas interessadas, segue abaixo uma lista. Organizei de acordo com o ano de produção do filme do mais antigo para o mais novo. 

Os Xetá da Serra do Dourado, de José Loureiro Fernandes e Vladimir Kozák. Brasil, 1959. 46 minutos. 

Com narração de Arnaldo Jabor, esse clássico do cinema paranaense retrata o dia a dia dos Xetá durante o processo de invasão de suas terras pelas frentes colonizadoras no noroeste do Paraná durante a década de 1950.


Yndio do Brasil, de Sylvio Back. Brasil, 1995. 66 minutos. 


"Yndio do Brasil" é uma espécie de autocrítica do cinema com relação à imagem do índio que ele ajudou a construir nos últimos 80 anos. É uma colagem de trechos de uma centena de filmes nacionais e estrangeiros sobre índios. São imagens de filmes de ficção -como "A Lenda de Ubirajara", "Casei-me com um Xavante", "Como Era Gostoso Meu Francês"-, documentários etnográficos, cinejornais etc.

Para o diretor do documentário, Sylvio Back, o cinema tem reforçado o olhar distorcido que a sociedade branca tem do índio. "Esse olhar tem várias vertentes: uma é a do cinema americano, em que os índios são maus, demonizados; outra é a da Igreja, que mostra de um lado o índio demonizado, e de outro o índio idealizado, ingênuo, idílico", diz o cineasta. (fragmento de crítica publicada na Folha Ilustrada)



Serras da desordem, de Andrea Tonacci. Brasil, 2006. 135 minutos.

Este filme está na lista dos “100 melhores filmes brasileiros” organizada pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema e conta a trajetória de Carapirú, índio nômade que escapa de um ataque surpresa de fazendeiros e durante dez anos, anda sozinho pelas serras do Brasil central, até ser capturado em novembro de 1988, distante dois mil quilômetros de seu ponto de partida. Levado a Brasília pelo sertanista Sydney Possuelo, ele vira manchete nacional e centro de uma polêmica entre antropólogos e linguistas quanto a sua origem e identidade.



Pajerama, de Leonardo Cadaval. Brasil, 2008, 9 minutos. 

Nessa animação criada por Leonardo Cadaval um índio é pego numa torrente de experiências estranhas, revelando mistérios de tempo e espaço. 



Terra Vermelha, de Marco Bechis. Itália/Brasil, 2008, 108 minutos.



Uma onda de suicídio entre jovens do povo Guarani-Kaiowá desperta sua comunidade para a necessidade de resgatar suas origens. Os índios creem que o espírito causador do suicídio pode ser controlado com a reconquista de seus espaços naturais e espirituais.

Ilhados pelas relações capitalistas, um dos motivos do desaparecimento gradual da cultura desse povo é a disputa por terras com os fazendeiros da região. Para os Kaiowás, essas terras são seu patrimônio espiritual. A sua religião tem forte ligação com a terra, que é origem e fonte da vida. Assim, eles não se consideram donos, mas parte da terra, e acreditam que a separação que sofreram desse espaço é a causa dos males que os rodeiam.



Xetá, de Fernando Severo. Brasil, 2011. 21 min.


Durante o processo de colonização do noroeste do Paraná, a partir dos anos 1940, o povo Xetá, que pouco contato tivera com a sociedade ocidental, foi praticamente dizimado. Além da quase extinção de sua cultura, a investida colonizadora provocou um desastre ecológico irreversível na região. Xetá trata de tudo isso mas também destaca a recomposição e reorganização étnica de um povo.


Xingu, de Cao Hamburger. Brasil, 2012. 116 minutos. 


Xingu conta a história dos irmãos Villas Bôas que entram em contato com aldeias indígenas, ajudando a defender a sua cultura e criando o Parque Nacional do Xingu.

Índio Cidadão? Rodrigo Arajeju. Brasil, 2014. 52 minutos.


Este é um documentário sobre a luta das nações indígenas brasileiras pela conquista e manutenção dos direitos constitucionais conquistados na Constituinte de 1987/88. O filme resgata dois momentos-chave nesse processo: a campanha popular dos povos indígenas na Constituinte e o período de manifestações em Brasília contra os ataques legislativos do Congresso Nacional, com a ocupação da Câmara dos Deputados no Abril Indígena 2013 e a Mobilização Nacional Indígena em outubro do mesmo ano. 

Ancorado em depoimentos e falas públicas de importantes lideranças indígenas, como o cacique Raoni Metuktire, Ailton Krenak, Sonia Guajajara, Davi Yanomami, Alvaro Tukano, entre outros, o filme traz episódios históricos e contemporâneos da luta indígena no debate político do Congresso Nacional, contando com elementos inéditos, fruto de intensa pesquisa de acervos públicos e privados. 

Conseguimos fazer a projeção desse filme em General Carneiro e União da Vitória em consonância com o lançamento nacional do mesmo, contando inclusive com a presença da comunidade Xokleng de Rio dos Pardos quando o filme foi lançado na Unespar. 

Índios no Poder, de Rodrigo Arajeju. Brasil, 2015. 21 minutos.


Mario Juruna, primeiro índio parlamentar na história do país, não consegue se reeleger para a Constituinte (1987/88). Sem representante no Congresso Nacional desde a redemocratização, as nações indígenas sofrem ataques aos seus direitos constitucionais pela bancada ruralista. O cacique Ládio Veron, filho de liderança Kaiowa e Guarani executado na luta pela terra, lança candidatura a deputado federal nas eleições 2014 sob ameaças do agronegócio.



Bora assistir que tá tudo grátis no Youtube! 





sexta-feira, 1 de maio de 2020

E General, que quase foi da Argentina! A Questão de Palmas ou de Las Misiones

No ano de 2014, eu trabalhava no Colégio Estadual do Campo São Francisco de Assis, no Iratim e decidimos com uma turma do Ensino Médio, enviar a representantes eleitos uma carta denunciando a falta de serviços públicos mínimos nas comunidades atendidas pela escola e reivindicando ao Estado o cumprimento de suas funções. Apesar de o documento ser enviado para muita gente, desde deputados estaduais até a Presidência da República, só dois deputados (Tadeu Veneri e Professor Lemos, do PT) e uma deputada (Rosane Ferreira, do PV) se manifestaram e buscaram encaminhar de alguma maneira aquele documento aos órgãos competentes em busca de alguma solução. Fora isso, o que mais chamou atenção foi que, ao responder o e-mail, o deputado Tadeu Veneri, após falar do descaso com que a região era tratada, lembrou que esta terra era para ser castelhana. Fiquei pensando o que ele queria dizer com aquilo já que não lembrava de ter estudado tal assunto. Fui pesquisar e acabei chegando na tal Questão de Palmas. 

O que foi a Questão de Palmas?
A Questão de Palmas, foi um contencioso, ou seja, uma disputa jurídica, entre os governos do Brasil e da Argentina, que disputavam uma boa parte de território hoje pertencente aos estados do Paraná e Santa Catarina. As terras já eram ocupadas por brasileiros mas, os argentinos, sabendo da pouca importância dada pelo Brasil a região e baseando-se em dúvidas levantadas pela Espanha no passado colonial, diziam que tais terras lhes pertenciam. Isso ocupou boa parte do século XIX, no entanto o contencioso ocorreu entre os anos de 1890 e 1895. 

Qual era o território em disputa?
O território que a Argentina dizia pertencer a ela possuía 30621 km² com os seguintes limites: ao norte, o Rio Iguaçu; ao sul, o Rio Uruguai; a oeste, o Rio Santo Antônio e o Rio Pepiri-Guaçu; e a leste, os Rio Jangada e Rio Chapecó.
Assim, caso a Argentina se saísse vencedora no contencioso, todas as terras do município de General Carneiro, bem como de outros sessenta e nove municípios do Paraná e Santa Catarina seriam argentinas. Observe no mapa:

Por que a Argentina queria essas terras?
Primeiramente, Argentina e Brasil buscavam o domínio geopolítico regional. Assim, este território sendo argentino impediria uma boa conexão entre o Rio Grande do Sul e o restante do Brasil. Em caso de um conflito militar entre os dois países, por exemplo, a Argentina teria vantagem estratégica para ataque e defesa. Por outro lado, economicamente, interessava aos argentinos os ervais nativos da região. 

 
Assim, ao definir os limites da Província de Las Missiones, os argentinos voltaram ao passado colonial e as leituras equivocadas do Tratado de Santo Ildefonso (1777) quando as coroas espanhola e portuguesa não entraram de fato em um acordo sobre quais rios serviam de limites territoriais. O Brasil defendia que a fronteira era formada pelos rios Pepiri-Guaçu e Santo Antônio enquanto que os argentinos diziam ser o Chapecó, que eles diziam ser o Pequiri-Guazu, o Jangada, chamado por eles de San Antonio Guazú.
Vale ressaltar também que o governo brasileiro não via a região com grande importância econômica, demorando para povoá-la e explorá-la. Assim, foi mais um atrativo as investidas argentinas.

Como o Brasil garantiu para si o território:
Primeiramente, as pretensões argentinas fizeram o Brasil “se espertar” com relação a ocupação deste território, por isso as fortes investidas contra os índios Kaingang e Xokleng na conquista dos campos de Palmas e arredores, a criação de novas colônias de imigrantes europeus e o desenvolvimento de um projeto de ligação de São Paulo ao Rio Grande do Sul com a construção da estrada de ferro. Pois, ainda que a construção tenha se dado após o acordo de limites, a necessidade do projeto apareceu a partir contenda.
Houve tentativa de acordo no ano de 1857, quando foi assinado um tratado fixando os limites como são hoje, no entanto, a Argentina acabou não ratificando o mesmo, deixando-o sem valor. Em 1876, a questão voltou a ser discutida e aí os dois governos trataram de investir nas intenções pelo território, o Brasil fundando colônias militares e a Argentina criando estruturas burocráticas, como a Gobernácion de Misiones, em 1882 que inclui-a nela os campos de Palmas.
Em 1885, novamente brasileiros e argentinos chegaram a um acordo onde organizariam delegações para estudar e discutir a questão até chegarem a um consenso. Em fevereiro de 1889, os representantes da Argentina fizeram a proposta de dividir com o Brasil o território em disputa. O Brasil não aceitou a proposta e, em 7 de setembro de 1889 os dois países assinaram um Tratado de Arbitramento, onde cada país apresentaria a sua defesa na questão e o presidente dos Estados Unidos da América decidiria quem estava com a razão.
Com a Proclamação da República no Brasil em 15 de novembro de 1889, a Argentina se viu em vantagens. Reconheceu o novo governo brasileiro e, em troca teve nova resolução para a Questão de Palmas, ou seja, representantes do Brasil aceitaram dividir o território contestado. Isso foi feito através do Tratado de Montevidéu, assinado em 25 de janeiro de 1890.
Para valer, o Tratado tinha de ser aprovado pelos Congressos de ambos os países.
O Congresso brasileiro não aceitou e voltou-se a questão do arbitramento. 

Barão do Rio Branco
Em 1893, o presidente brasileiro Floriano Peixoto nomeou para defender o Brasil o diplomata José Maria Paranhos Junior, o Barão do Rio Branco – este que está no verso da moeda de 50 centavos. Profundo conhecedor da história e geografia brasileira e munido de farta documentação, Barão do Rio Branco preparou um dossiê que convenceu o presidente Cleveland do direito brasileiro ao território. 

Barão do Rio Branco na moeda de 50 centavos

O laudo arbitral foi lido pelo presidente Cleveland em 6 de fevereiro de 1895, na presença de brasileiros e argentinos, dando vitória à posição brasileira.

Estátua do Barão do Rio Branco em Curitiba

Sobre o marco que tem no Jangada
Tanto os autores Cleto da Silva em seu livro Apontamentos Históricos de Palmas e Clevelândia quanto Joaquim Osório Ribas, em História do município de General Carneiro, falam sobre ter existido um marco da República Argentina na beira do Rio Jangada. No entanto, não há maiores informações sobre isso.

Marco existente na beira do Rio Jangada (Porto União - SC)

O marco que existe desde 1916 na beira do Rio Jangada é o da questão de limites entre Paraná e Santa Catarina e nada tem a ver com a Questão de Palmas. 


 

Fontes:
Foto do primeiro mapa, http://funag.gov.br/biblioteca/download/961-obras-do-barao-vol-I-questoes-de-limites-republica-argentina.pdf acesso em 20/04/2020
Foto do segundo mapa, https://journals.openedition.org/confins/11774 acesso em 29/04/2020
Foto Barão, https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Bar%C3%A3o_do_Rio_Branco_(fotografia).jpg, acesso em 01/05/2020 
Foto moeda, https://www.numismataonline.com.br/moeda-50-centavos-brasil-2019-letra-a-fc/prod-7364508/ acesso em 01/05/2020 
Foto estátua do Barão, http://www.geoimagens.com.br/buscar-imagens/curitiba/estatua-de-barao-do-rio-branco-pca-generoso-marques/ acesso em 01/05/2020
As Fotos do marco do Jangada são minhas.

Entrevista com Doutor Adelar Heinsfeld. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=jb7m6nEThXo acesso em 28/04/2020;

RIBAS, Joaquim Osório. História do município de General Carneiro. General Carneiro: Kayngangue, 2008;
RIO BRANCO, Barão do. Obras do Barão do Rio Branco I: A Questão de Limites República Argentina. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2012;
SILVA, José Júlio Cleto. Apontamentos históricos de Clevelândia e Palmas. 1630-1930. Boletim do IHGEPR, Volume XXVIII. Curitiba: IHGEPR, 1976; 
 

 
 
 


 
 

Carta de reivindicações dos estudantes do Ensino Médio

No ano de 2014, ainda acreditava nas instituições e, após levantarmos com estudantes do Ensino Médio os problemas enfrentados pela comunidade, resolvemos escrever com uma carta de reivindicações às autoridades. A ideia era enviar o documento pelos Correios. No entanto, como teríamos de bancar os custos, acabamos enviando por e-mail. Desde deputados(as) estaduais e federais paranaenses até Presidência da República e seus Ministérios. 

Somente três pessoas se manifestaram, os deputados estaduais do Partido dos Trabalhadores, Tadeu Veneri e Professor Lemos e a deputada federal Rosane Ferreira, do Partido Verde que buscaram encaminhar o que estava ao alcance de suas atribuições.   

Por mais que os estudantes não tenham sido contemplados em seus pedidos, a escrita e envio da carta serviu como uma atividade pedagógica interessante, até para sentir o descaso das “autoridades” que nem responderam o documento. 

Abaixo a carta, na íntegra.

Iratim - General Carneiro (PR), 10 de março de 2014

Caro/a Representante!

Nós, estudantes da 1ª série A do Ensino Médio do Colégio Estadual do Campo São Francisco de Assis e moradores das comunidades do Iratim, Campina do Tigre, Catequese, Colina Verde, Campo do Meio, Recanto Bonito, Horizonte, São Bento, Pouso Bonito e Ouro Verde, após debatermos em uma aula de História a relação campo-cidade e as perspectivas de projetos para o nosso futuro decidimos escrever este documento para nossos representantes eleitos.

Não temos perspectiva de um bom futuro vivendo aqui, pois nos sentimos esquecidos pelo Poder Público. Falta acesso à saúde (médico, dentista, agente de saúde, remédios nos postos, etc.). Só há transporte público daqui até o centro da cidade duas vezes por semanas e as estradas e ônibus são muito mal cuidados. Precisamos de acesso à cidade todos os dias, pois não há mercados e lojas aqui. Em dias de chuva, as estradas são muito escorregadias e torna-se muito perigoso trafegar por elas. Falta qualquer política pública para o lazer e cultura da população. Não funciona celular nem internet e sabemos que temos direito a tudo isso.

Não recebemos assessoria técnica para melhorarmos nossa produção e nem temos novas perspectivas de geração de renda. Precisamos cursos técnicos para estudarmos aqui em nossas comunidades e aprendermos coisas que venham nos auxiliar em nosso trabalho.

A nossa escola não tem biblioteca, nem acesso à internet para os alunos, muito menos laboratório de ciências, de informática e refeitório. A quadra não tem paredes e em dias de chuva ou frio é impossível ter aulas ali. Temos banheiros muito precários: para as meninas um vaso sanitário apenas. Para os meninos, dois vasos em um banheiro sem porta.

A escola foi inaugurada em 5 de dezembro de 2008, no entanto, construí-se só parte dela (4 salas de aula e a quadra). Hoje, 5 anos após a inauguração as obras não progrediram. Diferente disso, janelas basculantes não abrem, portas não fecham e estão sem fechaduras. Uma sala foi dividida com compensados ao meio para abrigar duas turmas ao mesmo tempo. Há corriqueiros problemas na instalação elétrica. Não há muros na escola, só um portão de ferro fechado em meio a nenhuma segurança.

Estamos na 1ª série do Ensino Médio e gostaríamos de gozar do direito de ter uma escola de verdade, parecida com outras do Brasil, do Paraná ou do nosso próprio município.

Gostaríamos da atenção e esforço de Vossa Excelência, pois estamos cansados de esperar pelo respeito por nós e por nossos sonhos.

Atenciosamente.


Estudantes da 1ª série A do Ensino Médio do Colégio Estadual do Campo São Francisco de Assis e professor Lúcio Ambrosio Hupalo

quinta-feira, 30 de abril de 2020

General Carneiro, sobre o nome da cidade

O nome da cidade de General é em homenagem ao militar Antônio Ernesto Gomes Carneiro que, por sinal, nunca pisou no território do município. 




Mineiro da cidade de Serro, ele foi jovem para o Rio de Janeiro. Entrou no exército como Voluntário da Pátria para lutar na Guerra do Paraguai (1864-1870), depois seguiu carreira militar, chegando ao posto de coronel.

Durante a Revolução Federalista, guerra civil iniciada no Rio Grande do Sul que se espalhou por Santa Catarina e Paraná entre os anos de 1893 e 1895, ele foi escalado pelo presidente Floriano Peixoto para tentar conter os Maragatos, grupo de opositores que ambicionava marchar até o Rio de Janeiro para depor o presidente. 

Carneiro morreu em combate no episódio conhecido como Cerco da Lapa, ocorrido na cidade paranaense de mesmo nome. Ele era coronel mas, foi promovido ao posto de general após a sua morte.

Tido como herói à época, pois salvou de uma possível deposição o presidente Floriano Peixoto, como forma de homenagem, o governo federal pôs na colônia de imigrantes localizada em Jangada do Sul o nome de Colônia de General Carneiro.
Segundo Joaquim Osório Ribas, em 1927, a sede do Distrito de General Carneiro foi transferida de Jangada do Sul para o Iratim, na sede da antiga Fazenda São Sebastião, com o nome de General Carneiro.
Quando da emancipação política de General, ocorrida em 1961, não se sabe quem escolheu este nome para a cidade, sendo que o local designado para a sede do município era conhecido como Passo da Galinha.

Fontes: 
Foto do General Carneiro, https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/e-a-revolucao-esbarrou-no-parana-cfsv1lbyo940lvlngw7uwbh3i/ acesso em 30/04/2020;
Foto da estátua de General Carneiro e do Panteon dos Heroes, http://www.circulandoporcuritiba.com.br/2012/02/circulando-pela-lapa-panteon-dos-heroes.html acesso em 30/04/2020;
RIBAS, Joaquim Osório Ribas. História do município de General Carneiro. General Carneiro: Kayngangue, 2008. (Páginas 59 a 61)

 


sábado, 23 de novembro de 2019

A Ditadura Militar em oito filmes disponíveis no Youtube

Uma das coisas que mais gosto em minhas turmas de 9º ano é indicar livros ou filmes sobre os assuntos estudados e depois sacar que alguns e algumas estudantes foram atrás, leram os livros, viram os filmes. Dia desses a mãe de uma estudante veio me contar que foi "obrigada" a ver o filme Getúlio com a filha. Achei ótimo ela "cumprindo essas obrigações"!
Semanas atrás, trabalhávamos o período anterior ao golpe de 1964 e uma aluna aplicada pediu filmes que tivessem disponíveis no Netflix para ver no final de semana. Indiquei Flores raras, de Bruno Barreto. Infelizmente, parece que a obra não está mais disponível ali.
Como acho Netflix desnecessário diante de tanta coisa boa por ver no Youtube, vou listar aqui alguns filmes que já assisti sobre a Ditadura Militar (1964-85). Vai que alguém tenha interesse em ver.

1. O que é isso companheiro?, de Bruno Barreto (1997)
Esse foi o primeiro filme sobre o período 1964-85 que assisti. Eu era ainda acadêmico de História e, ao ser recrutado para realizar a substituição de uma professora que estava em curso de formação, tive a oportunidade de ver a obra. Estranhei um pouco o Pedro Cardoso não sendo o Agostinho Carrara mas, curti o filme. Quem quiser, que antes leia o livro de mesmo nome, do Fernando Gabeira.



2. Lamarca, de Sérgio Rezende (1994)
Em 2005 eu já possuía DVD em casa. Final de semana pegava uns três filmes na extinta Nova Locadora e mandava ver. Um desses filmes foi Guerra de Canudos, de Sérgio Rezende. Dias depois, numa dessas loja de 1,99 encontrei o Lamarca, do mesmo diretor. Gostei bastante porque tinha muito ator foda tipo Paulo Betti, Roberto Bomtempo e Carla Camuraty em grande momento.  Como O que é isso Companheiro?, Lamarca é um baita filme sobre a vigência do AI-5 e a luta armada e conta a trajetória do militar Carlos Lamarca que abandonou o exército e virou guerrilheiro. 


3. Batismo de sangue, de Helvécio Ratton (2007)
Baseado no livro de mesmo nome escrito por Frei Betto, o filme conta a resistência dos frades dominicanos paulistanos à ditadura militar . Movidos por ideais cristãos, os frades "Tito", "Betto", "Oswaldo", "Fernando" e "Ivo", passam a apoiar logística e politicamente o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional, comandado à época por Carlos Marighella. Filme tenso pacas!


4. O ano em que meus pais saíram de férias, de Cao Hamburger (2006)
Junto com Dois Córregos, de Carlos Reichenbach, O ano em que meus pais saíram de férias consegue mostrar o horror de uma ditadura com a sutileza de um furacão, como diria Rita Lee. Tendo de viajar urgentemente, um jovem casal deixa seu filho ainda menino aos cuidados do avô. O pai ainda promete voltar para ver os jogos da Copa do Mundo de 1970. O avô morre e o menino fica sob os cuidados de uma comunidade judaica. A história é ao mesmo tempo horrível e divertida. Vale muito a pena ver. 

5. Dois Córregos, de Carlos Reichenbach (1999)
Como O ano em que meus pais saíram de férias, Dois Córregos não tem muitos fuzis, fardas e coturnos mas, o pavor do período é sentido no filme todo onde três mulheres diferentes convivem com um homem que está escondido em um sítio em razão de ter problemas políticos.  Tanto esta obra como a anterior aparecem na lista dos Cem melhores filmes brasileiros de todos os tempos, organizada pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema.


6. Cabra marcado para morrer, de Eduardo Coutinho (1984)
Esse também está na lista dos Cem melhores filmes brasileiros de todos os tempos, organizada pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema. É um documentário mas, no projeto inicial seria uma ficção que trataria da vida e morte do líder camponês João Pedro Teixeira, fundador da Liga Camponesa de Sapé (PB), assassinado a mando de latifundiários em 1962. Quando o cineasta Eduardo Coutinho conseguiu recursos para a filmagem, veio o golpe de Estado e a ditadura.  Muito do material até então produzido foi apreendido assim como  membros da equipe foram presos ou tiveram de fugir. Anos depois, parte do material foi salvo e o restante da história, só vendo o filme. Uma das obras mais maravilhosas que já vi!


7. Zuzu Angel, de Sérgio Rezende (2006)
Mais um do Sérgio Rezende na lista. Esse uso em sala de aula e também está na Lista dos Cem melhores filmes brasileiros. Conta a trajetória da estilista Zuzu Angel e sua luta para encontrar o corpo do filho assassinado pela ditadura. 


8. Brizola: tempos de luta, de Tabajara Ruas (2007)
Documentário com a biografia de Leonel Brizola, que foi governador do Rio Grande do Sul
antes da ditadura e, após o exílio, também governador do Rio de Janeiro. O material é muito bacana porque trata de sua relação com o presidente João Goulart, derrubado pelo golpe de Estado de 1964 e também sua trajetória no exílio e depois, no período de redemocratização.


Faltou vários outros mas, esses aí já servem para passar o tempo e complementar os estudos sobre a História recente do Brasil.
Antes de ver os filmes, consulte a Classificação Indicativa de idade no site do Ministério da Justiça.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Entrevista com Ilton Cesar Martins: Dizer que não há racismo no Brasil é mau-caratismo ou falta de conhecimento histórico!

Aproveitando que estamos no mês de Consciência Negra, fizemos uma entrevista sobre o assunto com um dos maiores estudiosos sobre escravidão e sobre o negro no Brasil, o professor de História da Universidade Estadual do Paraná, Ilton Cesar Martins. 

Ilton é graduado, mestre, doutor e pós-doutor em História e trabalha no campus da Unespar em União da Vitória.

Foto: Site VVale.com


Lamparyna: Professor Ilton, muito bom conversar contigo, ainda mais nesses dias do mês da Consciência Negra. Me diga, qual a importância dessas discussões que se ampliam no mês de novembro?
Ilton Cesar Martins: Essas discussões, esse assunto não é só importante no mês de novembro. Na verdade, as reflexões, perguntas, motivações sobre o negro, sobre a invisibilidade do negro no Brasil deveriam perpassar o ano todo e não somente agora, na proximidade do Dia da Consciência Negra.

Lamparyna: Ouve-se bastante por aí a contestação sobre políticas afirmativas ou cotas para negros em universidades e concursos públicos. Muitas vezes se tem a impressão de que as pessoas nem sabem direito do que estão falando. O senhor poderia explicar para nós o que são de fato essas políticas afirmativas e para que servem?
Ilton Cesar Martins: Olha, as pessoas começam muitas vezes restringindo este problema de maneira muito direta falando sobre as cotas e acham que as políticas afirmativas se resolvem apenas pelas cotas. As cotas são uma das formas das ações afirmativas. Mas, o que são, objetivamente falando, essas questões afirmativas? Na definição legal, elas são medidas especiais e temporárias – tem de ter essas duas características, especiais e temporárias – que devem ser determinadas por lei e podem ser tanto no âmbito federal, estadual e municipal ou também estabelecidas em planos institucionais que podem ser de diferentes instituições, empresas, enfim, diferentes entes podem propor cotas. A gente acha que elas só podem ser estipuladas pelo governo federal, não! Então, ações afirmativas são isso: medidas especiais. Porque que elas tem essa primeira definição de medidas especiais? Porque elas visam exatamente a solução de demandas ou o enfrentamento de determinados problemas que são afetos a determinados conjuntos da população. Agora, vem mais especificadamente as ações afirmativas voltadas para a população negra. Mas, no Brasil já tivemos outras experiências de utilização de cotas. Desde a década de 1930, no governo Getúlio Vargas tivemos a criação de ações afirmativas que eram voltadas, por exemplo, para que as empresas contratassem pelo menos um terço de trabalhadores nascidos no Brasil. Pois, até aquele momento as empresas preferiam contratar imigrantes do que contratar brasileiros. Então tivemos cotas neste momento, tivemos cotas em colégios agrícolas onde havia a obrigatoriedade de que cinquenta por cento das vagas fossem reservadas para filhos de agricultores. E com o passar do tempo, fomos tendo uma série de outras como, por exemplo, dispensa de licitação para as APAEs e outros órgãos que trabalham com deficientes, cotas para as mulheres nos partidos políticos para as eleições, ainda que sem a obrigatoriedade da eleição dessas mulheres, apenas a participação delas no processo político, e por aí vai. E agora, neste momento temos as politicas afirmativas voltadas para os negros, ou seja, é um entendimento do estado de que em determinados momentos, determinados setores da população, dada a sua vulnerabilidade social precisam de políticas especiais para que possam encontrar um processo de equidade no conjunto da população. E elas são sempre temporárias. Espera-se que elas atinjam seu fim dentro de determinado tempo, e isso é sempre examinado e reexaminado para saber da necessidade de sua manutenção e/ou modificação.

Lamparyna: Para que servem então essas ações afirmativas?
Ilton Cesar Martins: Servem para esses grupos historicamente marginalizados e colocados a margem das políticas públicas que não tiveram seu atendimento, quer seja na educação, no acesso à moradia, emprego, justiça e por aí vai. Então, é basicamente isto. A gente precisa entender que é essa a ideia das ações afirmativas. Em resumo, servem para eliminar desigualdades que foram historicamente acumuladas, e isso é extremamente importante frisar. Se pegamos especificadamente a população negra, pra mim soa como profundo mal caratismo das pessoas quando entendem que a sociedade é igualitária e, sendo igualitária, não há a necessidade de políticas compensatórias para determinado grupo. Claro que há ainda o desconhecimento histórico pois, qualquer mínimo que se conheça de história do Brasil nos faz perceber que o Estado brasileiro foi agente promotor da exclusão da população negra, primeiro via escravidão, depois via proibição da compra de terras, depois criação da polícia como instrumento de controle da população liberta, mais tarde proibição de negros nas escolas, dificuldade para entrar no mercado de trabalho e por aí foi. Então, achar que há igualdade entre brancos e negros ou é mal caratismo ou é profundo desconhecimento da história. Portanto, as ações afirmativas têm essa possibilidade de eliminar desigualdades historicamente acumuladas e que precisam ser reconhecidas pelo conjunto da população. Elas também vem para garantir a igualdade de tratamento pois se o artigo 5º da Constituição diz que todos são iguais perante a Lei, o artigo 3º diz que é obrigação do Estado promover a igualdade. Então, o estado brasileiro reconhece que, em um país profundamente desigual, apenas uma ação específica deste mesmo Estado seria capaz de gerar esse processo de igualdade. Assim, é o Estado brasileiro que desde de 1988 que historicamente foram geradas situações que colocaram a população negra na exclusão de acesso aos mais diferentes bens públicos e sociais. Outra coisa é que as ações afirmativas pretendem compensar perdas provocadas pela discriminação e marginalização que podem se dar por motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros. E essa compensação de perdas é muito visível na realidade brasileira decorrente basicamente de você perceber aonde está a população negra e nas condições que esta população negra se encontra na sociedade brasileira. É uma população profundante marginalizada que mora nos piores locais, estuda nas escolas com os piores índices de desenvolvimento da educação, tem dificuldade de acesso a saúde, justiça, população que mais morre em confronto com a polícia. Por isso a necessidade de compensação de perdas. Por último, as ações afirmativas podem valorizar a contribuição histórico-cultural de diferentes povos que compõe as nações. A sociedade brasileira insiste em se ver branca e portadora da cultura europeia mas, decididamente, não é o que somos. Só pessoas muito limitadas que acham que somos os correspondentes da Europa na América do Sul. Primeiro, muito me surpreende esta necessidade que as pessoas têm de se curvar, de ser reverente, de ser condescendente com a política exterminadora, criminosa que foi promovida pelo Estado europeu via Igreja Católica, via aparatos jurídicos. Então, a gente precisa conhecer esse processo de marginalização e eliminação que foi submetida a população negra, a população indígena e outros sujeitos na sociedade brasileira.

Lamparyna: É bem comum ouvirmos que o Dia da Consciência Negra e as ações afirmativas são um racismo ao contrário. O que o senhor tem a falar sobre isso?
Ilton Cesar Martins: Chama a atenção essa coisa do racismo ao contrário pois se a pessoa afirma isso, ela está reconhecendo que há o racismo e há pessoas querendo praticar o mesmo racismo. Se as cotas são racismo ao contrário, como é que a pessoa pode concordar com o racismo que excluí parte da população e não pode ser favorável a uma ação que ela chama de ao contrário que poderia combater a exclusão desse sujeito na sociedade brasileira? Novamente, eu volto na ideia de que são pessoas limitadas na compreensão da sociedade brasileira ou são mal caráter no sentido de achar que as desigualdades estão postas e tem de ser aceitas como um processo natural. Se é um processo humano, não é um processo natural. Se é um processo social, é fruto do processo desta sociedade. Então, se você opta por excluir um sujeito da sociedade porque você acha que é racismo ao contrário e você entende que este sujeito deve continuar sendo excluído da sociedade, eu acho que você deve rever seus valores éticos e morais, inclusive seus valores legais, porque a sociedade não pode ser constituída neste tipo de pensamento e atitude. A gente entende que isso aconteça menos na educação até porque a educação deveria ser o ponto de partida para o enfrentamento a respeito destas questões. Mas, infelizmente, sendo a escola uma expressão social,

Lamparyna: O que as ações afirmativas trouxeram de positivo para a sociedade brasileira?
Ilton Cesar Martins: O mais importante já aconteceu. Pela primeira vez a sociedade brasileira teve de discutir o seu racismo. Se não houvesse nada de bom pra discutir sobre as ações afirmativas, existiria esse elemento importante: a sociedade brasileira foi obrigada a pensar a sua constituição. E na sua constituição, quem são seus sujeitos constituidores e quais são as relações desta constituinte? E começou-se a perceber e a se explorar, mesmo os que são deliberadamente contra as ações afirmativas, foram obrigados a reconhecer os bons argumentos, os bons fundamentos de que a sociedade brasileira constitui um processo profundamente marginalizador da população negra. Então, é a primeira vez que a sociedade brasileira reconhece esse processo de marginalização e tem de se confrontar com ele, teve de pensar os elementos constituintes desta exclusão e marginalização e que portanto acabou dando um novo sentido para entendermos como se constituiu o Brasil, e como esse processo resultou no país que somos, um país racista, excludente, marginalizador, violento, um país que, na medida do possível, tenta silenciar, invisibilizar, quando não deliberadamente, eliminar parte da população que ele julga desnecessária ou não interessante para a constituição da sua nação. Então eu digo que é sempre extremamente importante as ações afirmativas por isso. E é óbvio que as ações afirmativas têm um papel extremamente importante pois quando pensamos nas cotas para negros nas universidades vemos que se o saber é uma relação de poder e historicamente esta população foi marginalizada das relações de saber, é lógico que ela foi submetida a relações de poder. Então, quando o negro vem pra Universidade e começa a pensar esse espaço universitário, ele está reconfigurando, redefinindo relações de poder e isso é extremamente importante. E, portanto, essas relações de poder sendo descentralizadas, ou seja, postos em outros centros, é o que definirá no futuro – não se sabe se em cem, duzentos anos, elas possam reconfigurar as relações de poder com outros centros de poder. E esses outros centros de poder talvez nos ajudem a construir uma nação justa e equilibrada com uma participação pluri-étnica, plurirracial, de igualdade de gênero e tudo mais onde possamos ter um outro país para vivermos.

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Saiu no site do NRE de União da Vitória: Estudantes de General Carneiro escrevem cartas para sobrevivente do holocausto

Só para constar, publico aqui matéria que saiu no site do Núcleo Regional de Educação de União da Vitória sobre nossa atividade com as cartas para Anita Prestes.

Estudantes de General Carneiro escrevem cartas para sobrevivente do holocausto

Como parte das aulas sobre a Era Vargas (1930-1945), estudantes das três turmas de nono ano do Colégio Estadual Pedro Araújo Neto (Cepan) assistiram ao filme Olga, de Jayme Monjardim. Baseado em acontecimentos históricos, o filme conta a trajetória da militante comunista alemã Olga Benário, presa no Brasil, e, por ser alemã e judia, deportada para a Alemanha pela ditadura de Getúlio Vargas. Na ocasião, Olga estava grávida de Luís Carlos Prestes, líder comunista brasileiro. Anita, a filha do casal nasceu em uma prisão nazista e, graças a uma campanha internacional, foi entregue para a vó Leocádia e a tia Lígia que criaram a menina.
Os estudantes ficaram bastante impressionados ao saber que Anita Leocádia Prestes, a bebê do filme vive no Brasil até hoje, sendo professora universitária aposentada da Universidade Federal Fluminense e também historiadora e escritora.
Antes de ser morta em uma câmara de gás, Olga trocava cartas com Prestes, ainda preso no Brasil e também com a sogra e a cunhada, a época exiladas políticas que faziam campanha internacional denunciando a violência sofrida por Olga e Prestes.
Em diálogo com os estudantes sobre o filme e os assuntos estudados, o professor de História Lúcio Ambrosio Hupalo lembrou experiência de uma professora retratada no filme “Escritores da Liberdade”, de Richard LaGravenese, onde os estudantes são instigados a escreverem cartas para Miep Gies, austríaca que salvou vários judeus do holocausto e ainda guardou o Diário de Anne Frank, que mais tarde seria entregue a Otto Frank, pai de Anne e sobrevivente do holocausto que o publicou. Assim, surgiu a ideia de os estudantes do Cepan escreverem também cartas para Anita Leocádia Prestes. Nessas cartas, os estudantes falaram sobre eles e suas impressões em relação aos acontecimentos com os familiares da destinatária.
Após contato do professor Lúcio via e-mail com Anita, ela passou seu endereço e ficou interessada em conhecer as cartas escritas pelos estudantes.
Nesta sexta-feira (04), um grupo de estudantes foi até a agência dos Correios de General Carneiro para realizar a postagem do material que em breve será recebido no Rio de Janeiro.
O filme Olga é sugerido pelo livro didático utilizado no Cepan e sua exibição contempla a Lei 13006/2014.
Clique aqui e confira algumas fotos da atividade!

Teste seus conhecimentos sobre negros na sociedade paranaense

Entre os três estados do sul, o Paraná é o que tem a maior população negra (28,5% ). Desde os primórdios até hoje em dia, negros e negras estiveram inseridos nas mais diversas atividades pelo estado. Aproveitando a chegada do mês da consciência negra, elaborei este pequeno teste de perguntas e repostas sobre algumas personalidades negras do passado e do presente.
Para realizar o teste, basta clicar aqui...
Caso encontre erros nas perguntas e respostas, por favor manda um recado nos comentários que tentaremos alterar.
Se quiser também, conta pra gente como foi no teste e sugira outros nomes que poderiam estar neste rol de grandes personalidades negras paranaenses.
Obrigado!



sábado, 19 de outubro de 2019

Teste seus conhecimentos sobre a História o município de General Carneiro - PR

Que tal ver o quanto você sabe sobre a história de General Carneiro?
Acesse esse Quiz e confira!
Se quiser, conte como se saiu nos comentários!

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Após estudarem sobre os levantes antifascistas na Era Vargas, estudantes de General Carneiro escrevem cartas para Anita Prestes




A chamada Era Vargas foi o período compreendido entre os anos de 1930 e 1945, quando o Brasil foi governado por Getúlio Vargas. Habilidoso articulador político e também ditador, Vargas enfrentou movimentos de resistência durante os quinze anos que ficou a frente da Presidência da República. Um desses movimentos foi o levante antifascista ocorrido em 1935.

Articulada por militares ligados ao Partido Comunista Brasileiro, o levante tentou a tomada do poder a partir dos quarteis em Natal, Recife e Rio de Janeiro durante novembro de 1935. O movimento contudo não decolou, sendo descoberto e sufocado pela repressão getulista, inclusive resultando em morte de vários revoltosos e, mais tarde, prisão do líder comunista Luís Carlos Prestes e de sua esposa Olga Benário, além de outras lideranças.

Contemplando a Lei 13006/2014, os estudantes assistiram ao filme Olga, de Jayme Monjardim. Baseado na biografia escrita pelo jornalista Fernando Morais, o longametragem conta a trajetória da militante comunista desde sua infância, passando pela juventude, luta contra o nazismo, exílio e formação revolucionária na União Soviética, vinda ao Brasil, prisão e deportação para a Alemanha de Hitler.



O episódio é tido por muitos como um dos maiores crimes de Getúlio Vargas pois, além de ser comunista e judia, Olga estava grávida.

Devido a forte repercussão internacional gerada a partir das denúncias de Leocádia, mãe de Prestes, Olga foi “autorizada” a ter a bebê na prisão e ficar com ela enquanto estivesse amamentando. Após isso, a bebê que recebeu o nome de Anita foi entregue a avó e a tia Ligia. Depois de permanecer trabalhando em campos de concentração na Alemanha, Olga foi morta em uma câmara de gás.

Os estudantes ficaram bastante impressionados com a história de Olga e animados ao saber que Anita Leocádia Prestes, a bebê do filme vive no Brasil até hoje, sendo professora da Universidade Federal Fluminense, historiadora e escritora.

Dos campos de concentração Olga trocou algumas cartas com Prestes, ainda preso no Brasil e também com a sogra e a cunhada, a época exiladas políticas que faziam campanha internacional denunciando a violência sofrida por Olga e seu marido.

Em diálogos sobre o filme na sala de aula, lembrei a experiência da professora Erin Gruwell retratada no filme “Escritores da Liberdade”, de Richard La Gravenese, onde os estudantes são instigados a escreverem cartas para Miep Gies, austríaca que salvou vários judeus do holocausto e ainda guardou o Diário de Anne Frank, que mais tarde seria entregue a Otto Frank, pai de Anne e sobrevivente do holocausto que o publicou. Assim, surgiu a ideia de os estudantes do Cepan escreverem também cartas para Anita Leocádia Prestes. Nessas cartas, eles se apresentaram e falaram das impressões em relação aos acontecimentos com os familiares da destinatária.

Após meu contato via e-mail com Anita, ela passou seu endereço e ficou interessada em conhecer as cartas escritas pelos estudantes.

Na sexta-feira, 04 de outubro, um grupo de estudantes foi até a agência dos Correios de General Carneiro para realizar a postagem do material que foi recebido por Anita no dia 11. Por e-mail, ela agradeceu o material e disse que responderá aos estudantes na medida do possível.




(Revisão textual de Paula Viviane Cordeiro e Iara Jasko)